Argumento
28.07.2005
A doença do século
por Beatriz Padrão


Você já reparou que o número de pessoas obesas tem crescido muito e a obesidade não é uma exclusividade dos adultos. Apesar de muitos pais acharem bonitinho as crianças gordinhas, a nutricionista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, não é sinônimo de saúde e que crianças também podem apresentar colesterol alto, fato que aumenta os riscos de doenças do coração.

As principais razões da incidência desta doença em jovens estão relacionadas não só ao grande consumo de fast-food, mas também ao medo da violência que impedem as brincadeiras infantis de rua e ao computador. "A criança deixa de gastar energia porque passa de 3 a 5 horas diárias jogando no PC ou no vídeo game", acrescentou Sandra.

Existem três níveis de obesidade: a leve, a moderada e a grave; já o cálculo do peso ideal e da quantidade máxima de calorias diárias de cada um, é calculado de acordo com a idade e a altura. A nutricionista explicou que a dieta infantil é uma reeducação alimentar acompanhada, pois além de emagrecer deve-se continuar a promover o crescimento. Ela confirma que não existe alimentação equilibrada sem a ingestão de frutas, legumes e verduras, e para conseguir convencer a incluir esses itens no cardápio ela sugere diferentes modos de preparo. A adesão e a fidelidade ao tratamento são mais recorrentes quando já ocorre um preconceito, quando na escola, por exemplo, os colegas passam a apelidar de "baleia" ou "rolha de poço".

Sandra ressaltou que é muito comum os pais de uma criança obesa também apresentarem o problema. Então, o tratamento atinge toda família, se esta não apoiar é quase impossível obter sucesso. Existe uma preocupação até com a quantidade de latas de óleo que se gasta por mês. Depois de corrigir os hábitos alimentares, incentiva-se a prática diária de exercício físico, com duração de no mínimo 30 minutos. Pode ser até uma caminhada, mas a atividade mais indicada é o esporte, principalmente a natação.

Atualmente, nas escolas públicas a lei garante o funcionamento exclusivo de cantinas saudáveis. Sandra Helena defende que esta regulamentação se amplie para as particulares ou que o ato de se premiar os alunos que levam lanches de casa, já feito por algumas instituições, se dissemine. Essas seriam medidas que poderiam reverter o aumento da obesidade infantil, que pode vir a se tornar a doença do século, completa Sandra.