Saúde em Foco
21.07.2005
Universidade cria cicatrizante à base de planta
O Estado de S. Paulo
Biotecnologia - 20/07/2005
Brás Henrique


Pesquisadores da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) comprovaram cientificamente a eficácia de um medicamento feito à base de barbatimão para cicatrizar escaras (lesões provocadas pelo contato constante com superfície, decorrentes da imobilidade de pessoas acamadas ou paraplégicas).

A patente do fitomedicamento foi requerida no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) após cinco anos de pesquisa na Unidade de Biotecnologia da universidade, que estuda os ativos terapêuticos de plantas brasileiras desde a década de 90. Uma empresa nacional já adquiriu os direitos de fabricação do remédio, mas depende do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O barbatimão é uma árvore típica do cerrado e suas propriedades terapêuticas destinamse à cicatrização de machucados e úlceras de pressão. É muito usado por moradores da área rural e comunidades indígenas.

Os pesquisadores da Unaerp validaram a eficácia terapêutica e a segurança de uso (toxicidade) de ativos dessa planta em medicamentos. 'Nosso empenho é legitimar o produto fitoterápico como um medicamento cientificamente ético', diz a coordenadora da pesquisa e do mestrado em Biotecnologia da Unaerp, Suzelei de Castro França.

O medicamento é produzido a partir da casca do barbatimão e o princípio ativo, retirado do extrato da planta. A pesquisa, pioneira no uso de fórmulas baseadas no barbatimão, foi realizada como estudo clínico e prestação de serviços à comunidade no Ambulatório de Escaras da Unaerp, que presta atendimento gratuito aos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Esse atendimento inclui aplicação de curativos, orientação de cuidadores da família do paciente, atendimento domiciliar, transporte ao ambulatório da instituição e qualidade de procedimentos terapêuticos cientificamente controlados. Atualmente, cerca de 150 pessoas são beneficiadas no ambulatório de escaras. 'Solicitamos a extensão da patente para vários países, o que beneficiará outras populações', conta Suzelei.

A pesquisa sobre o barbatimão foi subsidiada pela Unaerp, em parceria com o Ministério da Saúde. O remédio só depende da liberação da patente para ser fabricado.