Entre os novos materiais
em desenvolvimento, um produto criado no Brasil promete grandes benefícios
para quem precisa repor e regenerar tecido ósseo.
Acidentes, esmagamentos, infecções crônicas e destruição
por tumor são alguns dos problemas que podem levar à perda
de parte de um ou mais ossos do corpo. Até hoje, os ortopedistas
realizavam manobras para repor o osso perdido. Enxertos de ossos saudáveis
de outras partes do corpo - da bacia e das costelas, por exemplo - são
utilizados para preencher falhas ósseas. Bancos de ossos também
foram criados para suprir essa necessidade.
Apesar desses avanços notáveis na técnica de reposição
óssea, os índices de sucesso desses procedimentos médicos
são ainda limitados. Mas o futuro pode trazer soluções
mais eficazes. E uma delas pode sair das mãos de cientistas brasileiros.
Pesquisadores do Centro Médico de Campinas estão avaliando
há alguns anos um material sintético que pode substituir
as falhas. Isso, em si, não representa uma novidade. O que diferencia
esse material novo é seu poder de ser incorporado quando enxertado
e, seguindo as indicações da moda científica da atualidade,
também o fato de ele possibilitar a absorção e a
fixação intensa das famosas células-tronco (até
dez vezes mais do que permitem outros produtos sintéticos já
conhecidos).
Mas o que as células-tronco estariam fazendo no osso? Bem, a idéia
é simples e ao mesmo tempo desafiadora. Além da sustentação
mecânica oferecida por esse tipo especial de cerâmica porosa,
o enxerto precisa ajudar o corpo a recuperar ou regenerar o osso danificado.
Isso requer células com grande poder de recompor o tecido saudável
no local, refazendo quase integralmente o osso.
Um tipo de tratamento regenerativo também não é totalmente
novo. Mas o material sintético produzido pelos pesquisadores brasileiros,
que conseguiu fixar com excelente eficiência grandes quantidades
das tão preciosas células-tronco, pode aumentar muito a
sua eficiência.
Testado pelo ortopedista Everson Giriboni, o novo material resultou em
recuperação impressionante de ossos perdidos. Os efeitos
colaterais e as complicações parecem ser mínimos,
segundo os cientistas responsáveis pelo projeto.
O entusiasmo é tão grande que Giriboni acredita que as taxas
de sucesso poderão atingir 100%. Além de ser uma esperança
formidável para milhares de pessoas acometidas de sérios
problemas ósseos, essa novidade sintética é genuinamente
brasileira.
Outros pesquisadores, entre eles brasileiros do Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas (CBPF), estão desenvolvendo ossos sintéticos
que poderão apresentar opções para implantes e próteses
usadas para preencher falhas ósseas. Os experimentos começaram
de forma promissora nos laboratórios.
Na mesma linha, cientistas da Universidade de Lausanne, na Suíça,
desenvolveram um novo material ósseo sintético bioabsorvível
(passível de absorção pelo próprio corpo,
após um certo período de tempo). Esse produto possibilita
também a substituição de perdas ósseas extensas,
permitindo a regeneração completa dos ossos, a partir de
células próprias do paciente.
Os resultados desses estudos, publicados recentemente em prestigiosas
revistas científicas internacionais, ampliam drasticamente o horizonte
e as possibilidades de resolver os problemas das perdas ósseas
num futuro próximo, com colaboração intensa de cientistas
e técnicos brasileiros.
No Brasil, muitos desses projetos recebem apoio financeiro de órgãos
públicos e privados de fomento da pesquisa. Com todo o mérito.
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Campo fértil
Estudo com células ósseas, em Pittsburgh, nos EUA
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