Ciência e Vida
07.07.2005
NUPEM - Uma Conquista inovadora
por Andréa Pestana


O NUPEM passou a integrar, em 2004, o Mapa da Ciência do Estado do Rio de Janeiro publicado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. Hoje, aguarda o resultado da votação do Consuni (Conselho Universitário da UFRJ) do dia 14 de julho, que deve aprovar a oferta de mais 50 vagas, divididas em dois períodos, para o próximo vestibular - 2006, no curso de biologia a ser implantado no campus avançado de Macaé.

Idealizado pelo Laboratório de Limnologia, do Departamento de Ecologia - IB, o NUPEM conta com a participação de vários docentes pertencentes a esse e outros departamentos, que compartilham suas cargas horárias na UFRJ com suas atividades no Núcleo de Macaé. Esses professores iniciaram estudos sobre a região, o que proporcionou ao NUPEM o desenvolvimento de uma abordagem multidisciplinar sobre as características ecológicas da região.

Fugindo à regra habitual, onde cursos de graduação desdobram-se em atividades acadêmicas de pós-graduação e pesquisa e passam a promover trabalhos de extensão, o NUPEM inverte a trajetória e, a partir de suas pesquisas de campo na Restinga de Jurubatiba, conquista a confiança da municipalidade e assegura a posterior implantação de um curso de graduação. O envolvimento com questões decisivas para o desenvolvimento sustentável da região, tais como o suporte técnico-científico para a demarcação do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e ações de extensão vinculadas as atividades da Escola de Pescadores, permitiu a interiorização da Universidade amparada por laços de integração com a comunidade.

O novo curso de Biologia, oferecido em Macaé, poderá desenvolver uma nova praxis acadêmica, ou seja, um olhar multidisciplinar sobre o ecossistema da região.

O curso terá ainda como diferencial, a aplicação imediata do conhecimento na melhoria das condições de vida da comunidade do município. Assim, será enriquecido com aulas práticas que excedem os limites das salas de aula, conjugando o saber e o fazer, mesclando saberes e fazeres múltiplos, através do contato com a comunidade, na formação de seus alunos.

Como tudo começou
O interesse pelo estudo sobre os ecossistemas de Macaé levou pesquisadores do Instituto de Biologia (IB) a iniciarem, na década de 80, excursões à Macaé para levantar dados sobre ambientes costeiros das lagoas da região.

Inicialmente, os alunos e pesquisadores eram alojados de forma improvisada, em barracas à margem das lagoas.

O aumento do número de alunos interessados nesse estudo, e a projeção dos resultados das pesquisas apresentadas em congressos e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, levou os pesquisadores a pleitearem, junto à reitoria, melhorias das condições para o desenvolvimento dos estudos. Assim, a UFRJ, através do Instituto de Biologia, firmou convênio com a Prefeitura de Macaé, garantindo a disponibilidade de um galpão localizado no Parque de Exposição Agropecuária do município. Esse, embora não apresentasse infra-estrutura ideal, representou uma melhoria de condições para a pesquisa.

O segundo convênio firmado entre a Universidade e a prefeitura contou com a inclusão de um novo parceiro, a Petrobras, através do projeto ECOlagoas, que auxiliou na construção de um laboratório, quatro dormitórios e uma pequena cozinha. Surgia então, em 1994, o Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM/UFRJ).

O importante trabalho de repasse dos resultados da pesquisa para melhoria da vida da comunidade do município, por meio de atividades de divulgação científica, fez com que o NUPEM se tornasse um Centro de Referência em Ecologia no Município de Macaé e Região. Assim, o espaço do Núcleo passou a contar com sala de aula e biblioteca, além de ter seu laboratório ampliado.

Atualmente, o NUPEM é um centro de excelência na área de Ciências Biológicas e Ambiental e vem desenvolvendo convênios e acordos de cooperação internacional, tornando-se uma referência em pesquisas sobre ecossistemas costeiros brasileiros.