• Edição 272
  • 13 de outubro de 2011

Por uma boa causa

Hipersensibilidade dentária: como proceder?

Louise Rodrigues

Na semana passada, o Olhar Vital falou sobre diabetes e saúde bucal. Outro tema relevante, associado à saúde bucal, é a questão da hipersensibilidade dentária. O que é, por que acontece, como pode ser evitada e como pode ser tratada são alguns questionamentos levantados pela editoria “Por uma boa causa”, que procurou as respostas com a professora da faculdade de Odontologia da UFRJ Sonia Groisman.

“A hipersensibilidade dentinária é um problema que atinge atualmente grande parte da população. Além de causar desconforto bucal, gera uma série de inconvenientes na vida psicossocial do indivíduo, levando-o a restrições alimentares”, esclarece a professora. Ela diz ainda que “a hipersensibilidade dentinária é devida à exposição da camada de dentina, após o desgaste da camada de esmalte ou cemento, expondo os túbulos dentinários e as terminações nervosas dos odontoblastos, encontradas dentro destes túbulos. Eles são submetidos a uma grande variedade de estímulos, sendo o resultado da ativação das fibras da parede do tecido pulpar, que são fibras sensitivas na dentina. Os estímulos que ativam esses nervos são aqueles que removem os fluidos dos túbulos dentinários e mobilizam forças capilares, causando um rápido fluido exterior (secreção) e resultando numa rápida e similar secreção na região da polpa do túbulo”.

Sônia Groisman explica ainda que “a exposição da superfície dentinária pode ocorrer por uma série de fatores: pela escovação forçada, erosão, pela ablação, que é causada pelo bruxismo, hábitos parafuncionais ou estresse oclusal; por problemas periodontais; por selamento incompleto da dentina após preparos de dentística; por deficiência fisiológica na junção esmalte-cemento; após preparos protéticos de dentes com vitalidade pulpar, após condicionamento do esmalte ou dentina por ácido não devidamente controlado”.

Realça ainda que “o diagnóstico da hipersensibilidade dentinária é feito através da percepção do paciente, informando o problema ao profissional, que, examinando os dados clínicos, pode fechar o diagnóstico clínico de hipersensibilidade dentinária, para indicar o tratamento mais adequado”.

A hipersensibilidade dentária pode ser tratada. É como explica a doutora Sônia: “O tratamento eficaz da sensibilidade dentinária tem sido motivo de várias pesquisas na Odontologia durante os últimos anos, como o uso de selamento dentinário, aplicações tópicas de fluoretos e o uso da laserterapia têm-se mostrado eficazes no tratamento da hipersensibilidade dentinária. Todos os tratamentos visam obliterar os canalículos dentinários expostos, a fim de promover um selamento, que funciona como um tamponamento, isolando a superfície externa do dente do meio intradental (polpa), evitando, assim, que prolongamentos de fibroblastos continuem expostos, evitando a sensibilidade dental”.

A terapia propriamente dita se estabelece de acordo com a severidade do problema. Caso a hipersensibilidade dentinária esteja em local isolado, o tratamento é feito no consultório com aplicação de substâncias indicadas, mas, quando o problema é generalizado, o tratamento deve ser realizado com o uso de dentifrícios e, nos casos mais severos, o tratamento endodôntico radical é indicado como última tentativa.


A professora Sônia Groisman destaca que “apesar do incômodo da hipersensibilidade dentinária, e de poder causar distúrbios sociais, existe uma gama de opções de tratamento que podem se adequar a cada caso, cabendo ao cirurgião-dentista a melhor indicação para cada paciente”.