Entamoeba histolytica é uma espécie de protozoário que causa diarreias graves com sangue e muco. Normalmente, as infecções causadas por ele ficam restritas ao tecido intestinal. No entanto, formas ativas do protozoário que se movimentam, se alimentam e se reproduzem, os trofozoítas, conseguem chegar ao tecido hepático, ocasionando o quadro clínico mais severo desta patologia, a formação de abscesso hepático amebiano (AHA).
O abscesso hepático amebiano predomina em pacientes do sexo masculino. A doença causa, entre outros sintomas, um quadro sub-agudo de febre e alterações pulmonares na base direita, podendo haver derrame pleural, empiema e hemidiafragma direito elevado. A infecção ocorre devido à capacidade do protozoário de cooptar o colágeno do tipo I, otipo de proteína mais comum do nosso organismo.
Com o objetivo de investigar o comportamento de trofozoítas associados ao colágeno do tipo I, Débora Barreiros Petrópolis, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ), desenvolveu sua tese de doutorado. O trabalho, orientado pelo professor Fernando Costa e Silva Filho, será apresentado dia 05 de setembro, às 9h, na sala G1-022, no Bloco G do Centro de Ciências da Saúde (CCS-UFRJ), sob o título “Interação de Entamoeba histolytica com malhas de colágeno tipo I: importância da adesão na migração e invasão celular”. O estudo de Débora Petrópolis também focaliza a influência da mecânica apresentada por colágeno do tipo I na adesão, na migração e na capacidade do protozoário de remodelar seu entorno.
O estudo
Na pesquisa, modificou-se a densidade de colágeno do tipo I e com isso modificaram-se também suas propriedades mecânicas, como porosidade e viscoelasticidade, e assim foi possível estudar como ocorrem as alterações de algumas propriedades migratórias de E. histolytica. Segundo Débora, “A mecânica dos substratos do colágeno mostrou grande influência na morfologia de adesão e migração de trofozoítas, assim como na velocidade de migração e na atividade de proteólise de malhas do cólageno. Além disso, a velocidade de migração tridimensional de trofozoítas de E. histolytica se mostrou dependente das forças de tração geradas da proteína miosina II”.