• Edição 268
  • 1 de setembro de 2011

Teses

Protozoário que causa infecção altera estrutura do organismo humano

Rafael Amendola

 

Entamoeba histolytica é uma espécie de protozoário que causa diarreias graves com sangue e muco. Normalmente, as infecções causadas por ele ficam restritas ao tecido intestinal. No entanto, formas ativas do protozoário que se movimentam, se alimentam e se reproduzem, os trofozoítas, conseguem chegar ao tecido hepático, ocasionando o quadro clínico mais severo desta patologia, a formação de abscesso hepático amebiano (AHA).

O abscesso hepático amebiano predomina em pacientes do sexo masculino. A doença causa, entre outros sintomas, um quadro sub-agudo de febre e alterações pulmonares na base direita, podendo haver derrame pleural, empiema e hemidiafragma direito elevado. A infecção ocorre devido à capacidade do protozoário de cooptar o colágeno do tipo I, otipo de proteína mais comum do nosso organismo.

Com o objetivo de investigar o comportamento de trofozoítas associados ao colágeno do tipo I, Débora Barreiros Petrópolis, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ), desenvolveu sua tese de doutorado.  O trabalho, orientado pelo professor Fernando Costa e Silva Filho, será apresentado dia 05 de setembro, às 9h, na sala G1-022, no Bloco G do Centro de Ciências da Saúde (CCS-UFRJ), sob o título “Interação de Entamoeba histolytica com malhas de colágeno tipo I: importância da adesão na migração e invasão celular”. O estudo de Débora Petrópolis também focaliza a influência da mecânica apresentada por colágeno do tipo I na adesão, na migração e na capacidade do protozoário de remodelar seu entorno.

O estudo

Na pesquisa, modificou-se a densidade de colágeno do tipo I e com isso modificaram-se também suas propriedades mecânicas, como porosidade e viscoelasticidade, e assim foi possível estudar como ocorrem as alterações de algumas propriedades migratórias de E. histolytica.   Segundo Débora, “A mecânica dos substratos do colágeno mostrou grande influência na morfologia de adesão e migração de trofozoítas, assim como na velocidade de migração e na atividade de proteólise de malhas do cólageno. Além disso, a velocidade de migração tridimensional de trofozoítas de E. histolytica se mostrou dependente das forças de tração geradas da proteína miosina II”.


Os resultados obtidos a partir da pesquisa confirmam que a E. histolytica se mostrou capaz de alterar o estruturamento físico das malhas do colágeno, tanto através de sua habilidade de gerar forças de tensão contra as mesmas, quanto através de clivagem proteolítica das fibras do colágeno.