• Edição 254
  • 07 de abril de 2011

Cidade Universitária

Possível, mas remoto

Gabriel Demasi

Em visita à Universidade Federal do Rio de Janeiro, em março, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sugeriu o emprego de uma tecnologia 100% nacional para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, na área de transportes. O ministro propôs que o Maglev-Cobra, trem de levitação magnética desenvolvido por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), fosse usado para levar passageiros do terminal 1 ao 2 do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim.

Entretanto, as chances de que a proposta do ministro saia do papel são remotas. Segundo o professor da Coppe e coordenador do projeto do Maglev, Richard Stephan, só há possibilidade de o trem estar pronto a partir de 2016. “Em um cenário realista, somente em 2016 o trem poderá estar funcionando. Em um pessimista, mas que é seguro, em 2020, o Maglev vai estar aí”, afirmou o professor. O projeto, que segundo Stephan é um processo naturalmente lento, está na fase de captação de recursos junto ao BNDES. “Transporte público exige uma série de cuidados e de certificações. Não se pode colocar um passageiro em um veículo que não seja certificado. Nós fizemos um modelo reduzido, que deu certo, e agora nós estamos desenvolvendo o que eu chamo de modelo funcional, pra mostrar que ele funciona. Serão feitas as certificações, para depois partir para a industrialização e disseminação dessa tecnologia”, explicou Stephan.

De acordo com o professor, a etapa atual, que deve se estender até 2011, é mostrar que o Maglev funciona: “Para que essa tecnologia chegue ao uso de toda a população, vamos precisar de recursos que estão sendo pleiteados junto ao BNDES”, explica Stephan. “Eu não esperava que fosse ficar pronto num piscar de olhos, estamos na velocidade certa”, pontuou ainda.

Para a implantação do projeto, que custaria cerca de R$ 30 milhões por quilômetro - “um terço do custo de um metrô barato”, segundo Stephan-, é preciso primeiramente testá-lo no campus da Universidade. “Eu só teria coragem (de implantar a locomotiva ligando os terminais 1 e 2 do aeroporto) depois de colocá-lo andando entre o CT 1 e o CT 2, testá-lo dentro da UFRJ, que é a nossa casa. Aqui, se ele ficar parado uma semana, tudo bem, nós consertamos. Mas se isso eventualmente acontecer lá no aeroporto, vai causar uma péssima impressão”, responde o professor quando indagado sobre o que é preciso para a tecnologia ser aplicada. O protótipo do Maglev-Cobra, que o ministro Mercadante conheceu e elogiou, está num galpão da Coppe, coberto por um plástico preto.