• Edição 243
  • 25 de novembro de 2010

Ciência e Vida

Pesquisa da UFRJ desenvolve tratamento inédito para câncer de tireoide

Michelly Rosa

Grande parte dos pacientes com câncer na tireoide sofre com problemas na evolução do tratamento. Nesse sentido, pesquisadores do Programa de Oncobiologia e médicos endocrinologistas da UFRJ desenvolveram uma alternativa para aperfeiçoar o tratamento utilizado em pacientes com câncer na tireoide.

Quando não ocorre resposta ao tratamento, a glândula deixa de absorver o iodo concedido pelo tratamento com radioiodo, o que complica a evolução do paciente. O estudo de Denise Pires de Carvalho, pesquisadora do programa de Oncobiologia e diretora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ), consiste em utilizar a substância ácido retinoico na tentativa de aumentar a aceitação iodo pela glândula e, portanto, melhorar o desenvolvimento do paciente.

 “Com a colaboração do professor Mario Vaisman do Serviço de endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, desenvolvemos estudos relacionados a novas opções terapêuticas para os pacientes que apresentam carcinoma avançado da tireoide (tumor maligno na tireoide). Utilizamos ácido retinoico na tentativa de aumentar a reposta dos pacientes à radioiodoterapia. Atualmente iniciamos novos protocolos com a associação de drogas no paciente que não responderam ao ácido retinoico isoladamente. Essa parte de estudo tem a participação ainda do serviço de medicina nuclear da UFRJ e de cirurgia de cabeça e pescoço do Inca”, explica a professora.

O câncer na tireoide pode ser desenvolvido tanto por fatores genéticos quanto por fatores externos. De acordo com a pesquisadora, os principais fatores externos são a exposição do indivíduo à radioatividade e a alimentação com base em uma dieta pobre em iodo. Além disso, há também a possibilidade de atuação de hormônios sexuais nesse problema, já que mulheres têm maior chance de desenvolver a doença.

A maioria dos pacientes com câncer na tireoide precisa ser submetida à retirada da glândula, por isso a reposição dos hormônios produzidos pela tireoide torna-se necessário. O problema é quando essas reposições hormonais provocam complicações em outras áreas do corpo, o que diminui a qualidade de vida dos pacientes. Para Denise, é necessário impedir a progressão do tumor para aliviar as complicações e aumentar a sobrevida do paciente. “Esse tratamento oferece principalmente o aumento nas chances de sobrevida do paciente com câncer na tireoide.”

No momento, o tratamento com ácido retinoico está disponível, porém, há necessidade de aprimoramento do estudo para casos de efeitos colaterais e falta de resposta à alternativa:

“A população com carcinoma avançado na tireoide já está recebendo essa medicação ao ingressar nos protocolos experimentais, tanto no Inca, quanto no Hospital Universitário da UFRJ. Além disso, esse tratamento está disponível não só no Rio de Janeiro quanto em outros estados no Brasil e vem trazendo resultados positivos. Devemos encontrar outras drogas que promovam poucos efeitos colaterais e possam ser associadas ao ácido retinoico para beneficiar os pacientes que não responderam à monoterapia com ácido retinoico isolado”, analisa a pesquisadora.