• Edição 242
  • 18 de novembro de 2010

Cidade Universitária

Arborização da Cidade Universitária

Projeto prevê o plantio de 20 mil mudas até o fim de 2011

Sidney Coutinho

Até o final de 2011, a Divisão de Paisagismo (Dipa) da Prefeitura Universitária vai concluir o projeto de Arborização da Cidade Universitária da UFRJ com o plantio de 20 mil mudas. De acordo com a paisagista Danielle Inocencio, a meta envolve diversas iniciativas e vem ao encontro do Plano Diretor 2020. A melhoria da qualidade do solo e a velocidade de aquisição das plantas, pois muitas estão em extinção, serão determinantes para o cumprimento do objetivo. 

Segundo ela, cálculos mostraram que é possível o plantio de 20 mil árvores em áreas onde hoje não há sombreamento e arborização. “Na verdade, há parcelas a serem cobertas no campus inteiro e o que pretendemos, em primeiro lugar, é priorizar os terrenos por onde passa a ciclovia”, disse.  

A ação em curso já  é a quarta tentativa de arborização da Cidade Universitária. Em um processo de plantio, os especialistas procuram verificar como ficará o espaçamento entre as mudas. Se elas puderem ficar muito próximas eles denominam que a área tem perfil de reflorestamento, por outro lado, quando há uma relativa distância em que é possível caminhar por entre as árvores, os paisagistas chamam a área de bosque. “Ao contrário das tentativas anteriores se priorizava um ou outro tipo de perfil, nós buscamos verificar o potencial de cada terreno”, informou Danielle. 

A partir de 2008, o plano de arborização começou a ser elaborado, tendo como critérios a escolha de espécies nativas da Mata Atlântica, dando prioridade àquelas que estivessem ameaçadas de extinção e que atraíssem as aves típicas, bem como escolher aquelas que tivessem baixa disseminação de pragas e doenças. Plantas exóticas que tivessem características que interessassem ao projeto, como a amoreira, que tem frutos apreciados pela avifauna, também foram consideradas. “Tomamos como base as espécies originais da Ilha do Catalão. Mas pesquisamos na lista oficial do Ibama as espécies em risco de desaparecer como  o pau-brasil, o ipê roxo e a quixabeira para fazer parte do projeto”, disse Danielle. 

A disponibilidade no mercado ou no acervo de instituições botânicas é, contudo, um dos fatores mais considerados para o replantio. Muitas das espécies ameaçadas são difíceis de obter e nem mesmo o Horto consegue auxiliar na tarefa de disseminação a partir das sementes, pois não se consegue nenhum exemplar original. “A Quixabeira é um exemplo. Houve muita dificuldade de conseguir uma muda no mercado, mas conseguimos”, contou entusiasmada. 

Lodo contra a esterilidade 

O campus da Cidade Universitária foi formado a partir de aterro para ligar nove ilhas. A terra perdeu fertilidade a ser revolvida para cobrir toda a área, além disso, não é difícil encontrar pedaços de concreto, tijolo e armações de ferro ao se preparar covas para o plantio das mudas. Surgiu uma alternativa, que, inicialmente, visava apenas à redução de custo com insumos, mas também está contribuindo para melhorar o ambiente: é o Projeto Lodo, que consiste em aproveitar o resíduo das estações de tratamento de esgoto rico em nutrientes que antes era apenas despejado no aterro de Gramacho, em Duque de Caxias. Diferente do que se imagina, o lodo recebe um tratamento prévio e chega seco como se fosse uma farinha.  

As folhas, galhos e outros resíduos orgânicos são misturados a essa farinha em um processo denominado compostagem. Após o período adequado para a decomposição, todo o material pode ser utilizado. “Estamos também tendo um ótimo resultado quando misturamos o lodo com a própria terra, na proporção de um para um. Economizamos tempo e dinheiro, pois qualquer coisa que se plante sem fazer o preparo da terra será jogar dinheiro fora”, afirma. 

Para finalizar, a paisagista Danielle Inocencio assegura que ao ser concluído o projeto representará uma transformação no campus para dezenas de gerações formadas na UFRJ. “Além de se tornar mais bonito e mais agradável, o campus terá uma temperatura mais amena. Sem contar que será um laboratório vivo para os alunos de Biologia, que aproveitarão a biodiversidade. A Cidade Universitária será referência em tratamento paisagístico urbano e em tratamento e estudo da flora e fauna”, concluiu.