• Edição 238
  • 20 de outubro de 2010

Argumento

Basquete mais dinâmico com mudanças nas regras

Jamille Bastos

Em outubro de 2010, entram em vigor as novas regras adotadas pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) definidas há dois anos e que deixam o basquetebol brasileiro mais parecido com a principal liga de basquete do mundo, a NBA. Quem fala do assunto é o especialista em basquete e professor da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ Ubiratan de Souza Bello, mais conhecido como Bira Bello, que esteve recentemente no mundial da Turquia, considerado por ele um sucesso em estrutura e organização. 

O professor explica que as mudanças nas regras obedecem a um ciclo e levam tempo para serem adotadas. “Normalmente as alterações são aprovadas após uma Olimpíada e, no intervalo até o mundial, é um período de divulgação e preparação. E ainda assim, as regras não são adotadas já no torneio seguinte, mas, sim, depois do evento como foi este ano”, esclarece o especialista.  

De acordo com Bira Bello, quando a federação internacional pensa em alterar as regras busca duas coisas: melhorar a dinâmica do jogo e a atuação dos jogadores. “A mudança dos 24 segundos de posse de bola para 20 segundos aumentará a dinâmica do jogo e forçará automaticamente maior troca de bola em quadra”, enfatiza. 

O basquete está em período de reconquista da confiança e credibilidade interna com a liga nacional e o Novo Basquete Brasil (NBB). “Nosso basquete passou por maus momentos, de sucessivas administrações ruins e, com isso, todos os segmentos, desde jogadores aos árbitros, ficaram parados.”  

Exemplo de outros esportes 

Segundo o professor, para completar as mudanças, os títulos internacionais precisam ser conquistados. Ele cita o vôlei brasileiro como exemplo. Para o treinador o sucesso atual do vôlei se deve às conquistas, mas principalmente à organização. “O vôlei tem duas coisas que o basquete precisa copiar. Uma é a escola nacional de treinadores, que já está em fase de implantação no basquete; a outra é o centro de treinamento. O vôlei tem um espetacular centro de treinamento em Saquarema, e o basquetebol ainda não tem sua casa definitiva. Esse é o grande diferencial do vôlei para os outros esportes no Brasil”, analisa o professor. 

Uma das alterações mais interessantes é a ampliação da linha dos três pontos em mais 50 centímetros, o que torna os arremessos mais difíceis agora. Na opinião de Bira, a ampliação da distância da linha dos três pontos vai ser interessante para que jovens atletas, na faixa dos 14 aos 15 anos, não façam tantos lançamentos dessa categoria como fazem hoje, pois é um arremesso difícil e com aproveitamento muito baixo. 

Há quem diga que as mudanças não afetarão o esquema atual e que a mudança provavelmente só será sentida nas categorias de base e no basquetebol feminino. O especialista diz que existem muitas outras mudanças que poderiam ser feitas no basquete feminino para torná-lo mais atraente, como abaixar a altura de 3,5 para 2,90 metros a fim de possibilitar às atletas fazer “enterradas”, coisa que não acontece hoje. Mas as próprias atletas defendem a altura atual como forma de igualdade, segundo Bira, acrescentando que só uma atleta até hoje conseguiu fazer a jogada.

Novas regras em vigor

Garrafão
Formato da área restritiva deixa de ser um trapézio e se torna retangular

Linha dos três pontos
Distância da marca aumenta de 6,25 m para 6,75 m

Linhas para reposição lateral
Foram criadas duas linhas na lateral da quadra, onde ocorrerão as reposições de bola após tempo técnico nos dois minutos finais de jogo e da prorrogação

Semicírculos
Instalados debaixo dos aros, semicírculos delimitam área onde não serão marcadas faltas de ataque

Relógio de 24s
Caso haja paralisação na quadra de ataque com mais de 14s no tempo de posse de bola, a cronometragem será mantida. Se restarem 13s ou menos no momento em que o jogo é paralisado, o relógio deve ser ajustado para 14s.