• Edição 231
  • 02 de setembro de 2010

Cidade Universitária

Novas técnicas e proteção ambiental no Horto da UFRJ

Michelly Rosa

Quem passa pela Cidade Universitária já percebe uma mudança de visual. Fachadas mais arborizadas, com flores e plantas ornamentais melhoram o aspecto do local e são resultado do trabalho da Divisão de Paisagismo da Prefeitura Universitária (Dipa) através do Horto.

O Horto é uma sessão da Dipa que promove a arborização de espaços vazios na Cidade Universitária e executa projetos paisagísticos. Entre 2008 e 2009 foram mais de 3000 mudas plantadas no espaço e diversos locais vazios ocupados, como a lateral do Alojamento Estudantil da UFRJ e nas proximidades da Fundação Bio-Rio.

Outro trabalho da equipe do Horto é produzir e selecionar mudas de diversos tipos e origens de acordo com a disponibilidade do mercado ou acervo de instituições. Além disso, promove estudos para introdução de novas espécies e para a pouca disseminação de pragas e doenças.

O local está  reformado há dois anos e hoje, sob a direção de Beatriz Emilião Araújo, testa novas técnicas para a produção de mudas, reaproveitamento de água e combate a pragas.

Para isso, a equipe do Horto fez uma visita a Holambra, em São Paulo, conhecida como Cidade das Flores, e trouxe ao Horto modelos de produção dos agricultores da cidade e algumas técnicas alternativas que facilitam o trabalho e protegem o meio ambiente.

“Eles promovem técnicas para diminuir a quantidade de ervas daninhas (plantas que podem dificultar a agricultura) e utilizam faixas adesivas que atraem insetos e evitam que as mudas sejam atacadas por pragas, tudo isso nós podemos aplicar aqui no Horto”, explica Beatriz.

Outra técnica trazida de Holambra foi a substituição dos típicos “saquinhos” para armazenamento de mudas, por bandejas, que são reutilizáveis e facilitam o trabalho dos funcionários. “Com as bandejas nós diminuímos o custo de produção das mudas, pois deixamos de comprar saquinhos e melhoramos o ritmo de produção com o transporte de várias mudas por vez”, revela a diretora.

Reaproveitamento da água e de resíduos     

Como questões ambientais estão diretamente ligadas à rotina do Horto, o reaproveitamento da água e de resíduos do trabalho no campus tornou-se alternativa para uma possível diminuição dos gastos na produção do horto.

De acordo com Beatriz, o Horto já desfruta de uma pequena fonte de água de reúso, em parceria com a Cedae do campus e tem o projeto para criação de uma usina de compostagem (produção de adubo), com aproveitamento de gramíneas de poda e de biotérios utilizados no Centro de Ciências da Saúde (CCS). “Nós visitamos locais que coletam água da chuva para utilização na produção, o que pode ser também uma alternativa ao Horto.”

Além disso, o local já promove utilização do lodo residual da estação de tratamento de esgoto no traço da compostagem ou na mistura direta com a terra através do Projeto Lodo, reaproveitando resíduos e beneficiando a produção de mudas.

Benefícios à comunidade acadêmica

Além da melhoria no visual da Cidade Universitária, os projetos paisagísticos do Horto auxiliam também na qualidade de vida, de trabalho e de estudo do frequentador do campus.

Um dos maiores benefícios do plantio de árvores no entorno do campus é a neutralização da concentração de carbono na atmosfera, contribuindo para compensação ambiental e proteção contra o efeito estufa e amenizando o clima do local.

“Depois que nós reformamos o jardim da Reitoria, os professores começaram a dar aulas no local, isso foi extremamente gratificante para nós”, comemora a diretora.

Um projeto mais recente do Horto é o sombreamento de algumas áreas da Cidade Universitária, principalmente da ciclovia, em construção por todo o campus. Segundo Beatriz, a paisagista do Horto, Daniele Nocêncio, já está estudando maneiras de sombrear através das plantas, pelo menos, grande parte do entorno da ciclovia, para criar um clima mais agradável.

Nesse sentido, o objetivo do Horto é tornar o campus da UFRJ um centro de referência em biodiversidade, no tratamento e estudo em fauna e flora e na formação de profissionais de qualidade na promoção paisagística em meio urbano.

“A presença de mais verde no campus melhora o humor dos funcionários e alunos e torna a rotina mais prazerosa com árvores e flores por toda parte”, sinaliza a paisagista.