• Edição 214
  • 06 de maio de 2010

Notícias da Semana

Ministro de Ciência e Tecnologia inaugura prédio de Bioimagem na UFRJ

Geralda Alves

Foto: Claúdia Jurberg
Sérgio Rezende, Ministro da Ciência e da Tecnologia e Jerson Lima da Silva, coordenador do INBEB na inauguração do Cenabio.

Projeto conta com equipamentos de alta resolução para Ressonância Magnética Nuclear.

O Ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, inaugurou na manhã da última quarta-feira (05/05) o Centro Nacional de Bioimagem (Cenabio) do Instituto Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Inbeb) da UFRJ e declarou sua satisfação em estar em um evento de tal natureza. “É que não se trata apenas da inauguração de um prédio, muito mais que isso. É um projeto otimista, que permite não só à UFRJ, mas a todas as parcerias, oferecer uma boa infraestrutura para que possa fazer ciência com melhor qualidade”, disse o ministro e completou que esse é o grande desafio para os próximos anos.

“Nos próximos dez anos”, disse o ministro, “devemos, entre outras coisas, sonhar alto na área da ciência, porque passamos muito tempo sem sonhar. Vimos jovens que não podiam montar seus laboratórios. Nos últimos anos isso mudou. Os estados foram estimulados a aumentar recursos e, com isso, passamos a ter melhores programas  e grande massa de pesquisadores passou a ter seus projetos financiados.”

Imagem de pequenos animais

O Inbeb inaugurou hoje a área que vai tratar de imagens com pequenos animais. Trata-se de um prédio com equipamentos de alta resolução para Ressonância Magnética Nuclear, que permite uma análise morfológica e funcional de órgãos e sistemas em pequenos animais vivos.

A ultrassonografia de alta resolução permite a visualização de estruturas separadas por até 30 micrometros, além da quantificação do fluxo sanguíneo usando o efeito Doppler. É possível ainda visualizar o desenvolvimento embrionário de camundongos, acompanhando o desenvolvimento de órgãos como coração, fígado, rins, entre outros.

Sistemas de detecção de Bioluminescência e Biofluorescência permitem visualizar células com enzimas (luciferase) que ativam moléculas luminescentes, como a luciferina, ou com moléculas fluorescentes.

A marcação de células permite seguir seu trajeto quando infectados em animais vivos. Diversos trabalhos no campo das doenças infecciosas, da oncologia e das terapias celulares serão beneficiados por esse tipo de metodologia.

Inbeb

Jerson Lima Silva, coordenador do Inbeb explicou que o objetivo do Instituto é formar uma rede de pesquisadores em torno de biologias estrutural, celular e tecidual, voltada para o estudo de patologias humanas, como câncer e doenças degenerativas, entre outras.

“Temos a experiência de criar e consolidar uma infraestrutura técnico-científica, de disponibilizar equipamentos de grande custo para a comunidade científica aliados a um conjunto de 20 laboratórios associados distribuídos por várias instituições do país que abordam temas da ciência. Esse conjunto de laboratórios conta com a participação de pesquisadores localizados em 20 instituições, de oito estados brasileiros”.

O Cenabio teve um investimento total de R$ 6 milhões, incluindo a construção do prédio, composto por três salas e um alojamento para animais adequada à lei Arouca. O financiamento se deu através do CNPq, Finep, Faperj e do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit),  do Ministério da Ciência e Tecnologia, além do apoio da Capes, que contribui com bolsas para alunos envolvidos no projeto. 

Jerson explica também que a manutenção dos equipamentos é muito alta. "Consciente do elevado custo dessa infraestrutura, cabe ressaltar que ela também poderá ser utilizada por pesquisadores do país e do exterior”, completou.


O que o Centro Nacional de Bioimagem proporciona à comunidade científica

Palestra revela novas possibilidades para a pesquisa a partir do uso de aparelho de ultrassonografia de alta resolução


Thiago Etchatz

Foto: Agência UFRJ de Notícias
Professor Antonio Carlos Campos de Carvalho media mesa redonda sobre Cenabio

Na última quarta-feira (5/5), após a inauguração do Centro Nacional de Bioimagem (Cenabio), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (Inbeb) da UFRJ, os professores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ) Rosália Mendez Otero e Antônio Carlos Campos de Carvalho mediaram a mesa redonda “Multi-modalidade em imagem de pequenos animais: o que o Cenabio/Inbeb pode oferecer à comunidade científica”. 

O professor Antônio Carlos enfatizou que o intuito do encontro, realizado no Auditório Leopoldo de Méis, na Cidade Universitária, era “expor à comunidade do Centro de Ciências da Saúde (CCS) as novas possibilidades para o desenvolvimento da ciência a partir dos equipamentos de alta tecnologia do Centro Nacional de Imagem”. Outro objetivo foi apresentar os especialistas que vão operar os novos parelhos. O mediador ainda disse que “há uma ideia para a realização de um convênio com a Faculdade de Medicina visando a capacitar os residentes no Cenabio”.      

Em seguida, Célia Resende, médica do Serviço de Radiodiagnóstico Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), ministrou palestra sobre a ultrassonografia de alta resolução. Através de slides, a doutora apresentou máquinas para tratamento de animais do novo centro, com destaque para a Visualsonics RMV 707-B, utilizada para exames de ultrassonografia de alta resolução. Utilizando frequência de até 30 MHz, o equipamento propicia a visualização de microestruturas do organismo, como a artéria renal dos camundongos, que possui 0,5 milímetro de espessura. 

Célia reiterou que o uso do aparelho é um grande avanço para os tratamentos por imagem e o desenvolvimento de estudos em diversas áreas. “A ultrassonografia de alta resolução pode ser aplicada em diversas especialidades como a oftalmologia, neurobiologia, genética, reumatologia músculo-esquelética, entre outros”, analisa. E ainda lembrou que o exame é um procedimento seguro, não invasivo, sem radioatividade e de baixo custo.


Enfermagem e Saúde do Trabalhador

Ana Zahner

Foto: Banco de imagens UFRJ
Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN)

Nos dias 4, 5 e 6 de maio, a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) realizou o XIV Encontro de Enfermagem, Trabalho e Saúde do Trabalhador, no auditório do Prédio dos Correios. O tema desta edição foi assédio moral no trabalho, que afeta trabalhadores de todas as áreas. Iluminados pela chama da Lâmpada Mestra, símbolo da enfermagem moderna, inspirado pelo trabalho de Florence Nightingale (a enfermeira visitava os feridos da guerra munida de sua lâmpada), o evento procurou discutir causas e soluções para o tema e encontrar o papel da enfermagem nessa questão de saúde pública. 

A décima quarta edição deste evento também inaugurou o I Encontro Internacional de Enfermagem e Saúde do Trabalhador. Os convidados ilustres de universidades estrangeiras, chamados para palestrar, foram o professor Ângelo Soares, da Universidade de Québec (Canadá), e a professora Lydia Guevara Ramirez, da Universidade de Havana (Cuba). Cada um discutiu seu assunto, dentro do tema do assédio moral, trazendo perspectivas de fora do país e mostrando que o assédio moral é um problema mundial. 

Na cerimônia de abertura, Neide Aparecida Alvim, diretora da EEAN, ressaltou que o assédio moral, violência que tem origem nos desequilíbrios de poder, é um problema da área de saúde, pois envolve o bem estar do trabalhador. Lembrou, também, que enfermeiros e enfermeiras são vítimas frequentes de atos de violência vindos de pacientes e médicos.  

Também estiveram presentes na mesa de abertura o diretor regional dos Correios, Mario Renato da Silva; o enfermeiro da Empresa de Correios e Telégrafos, Artur Fernando Souza; Maria Aparecida Moura, coordenadora de Pesquisa da EEAN; a vice-coordenadora do curso de enfermagem, Raquel Figueiró; Ivonete Pereira, representando o corpo discente da pós-graduação da Escola; e Regina Célia Zeitoune, do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e Saúde do Trabalhador (NUPENST) e uma das principais responsáveis pela realização do evento. 

Na programação estiveram painelistas que, na parte da manhã, exibiram resultados de suas pesquisas nos diferentes enfoques do tema. Em todos eles, foi ressaltado que a violência pode ser física ou moral e que não necessariamente segue a direção chefe - subordinado. Uma das maiores dificuldades de combater o quadro é a falta de leis que definam o assédio e a impunidade dos assediadores. A maioria das empresas esconde e, algumas vezes, incita maus tratos entre os funcionários. 

Na parte da tarde, 16 alunos apresentaram trabalhos sobre o assunto, concorrendo ao prêmio Maria Yvone Chaves Mauro. A iniciativa é importante, já que a falta de conhecimento científico sobre o assédio mantém a situação de impassibilidade, em que pessoas assediadas aceitam seus destinos, os colegas de trabalho ignoram e não oferecem apoio, e o sistema jurídico tem dificuldade de provar os danos e punir os agressores. Os encontros que a Escola de Enfermagem promove são um passo para mudar tal quadro.