• Edição 209
  • 18 de março de 2010

Microscópio

Vídeo em Cena no CCS



Projeto de Extensão do Nutes amplia o horizonte de alunos e pesquisadores

Thiago Etchatz

A construção do conhecimento não está apenas no que é produzido no laboratório e disseminado nas salas de aula. Também se faz necessário um momento de pausa e reflexão diante das infinitas possibilidades que constituem o saber do homem contemporâneo. Essa é a premissa do projeto de Extensão “Vídeo em Cena no CCS”, organizado pelo Laboratório de Linguagens e Mediações do Núcleo de Tecnologia para a Educação e Saúde (Nutes/UFRJ), que desde 2006 exibe filmes no saguão do bloco A do Centro de Ciências da Saúde (CCS), na Cidade Universitária.  

O projeto visa a ampliar a formação dos alunos, os aproximando de questões que muitas vezes não são apresentadas na grade curricular. “Pensamos que a ciência e o indivíduo devem caminhar juntos. O indivíduo tem que produzir conhecimento, mas antes de tudo tem que ter a curiosidade e oportunidade para entrar em contato com coisas diferentes. Para daí ter questões, dúvidas, reflexão, para que possa se chegar a pensar sobre si mesmo, pensar o outro, pensar a sociedade”, analisa Márcia Bastos de Sá, doutoranda do Laboratório de Linguagens e Mediações do Nutes. 

O embrião do “Vídeo em Cena no CCS” foi constituído em 2002. Desde então, a professora Vera Helena Ferraz de Siqueira, coordenadora do Laboratório de Linguagens e Mediações, passou a colecionar filmes do grande cinema nacional e internacional, entre outros de mais difícil acesso ao grande público. Junto com seus orientandos do laboratório, foi feito o levantamento dos vídeos e passou-se a discutir temáticas a serem abordadas. 

A partir de 2006, começaram as exibições dos vídeos na televisão localizada no saguão do bloco A do CCS, próximo ao Centro Acadêmico da Biologia. A cada semana é apresentado um filme, que é exibido às 12h, às terças e quintas-feiras. Entre os grupos temáticos abordados pelo “Vídeo em Cena no CCS” estão: visões do corpo I e II; coisas do Brasil; saber x poder; tecnologia, sociedade e indivíduo; questões de gênero; meio ambiente, cidadania, educação e sociedade e idosos.  

“Vemos que muitas pessoas que estão circulando pelo CCS se interessam. Fazemos uma programação com temáticas diversas para desencadear discussões diversas. Pegamos os ‘blockbusters’, mas também filmes cubanos, iranianos, para trazer essa outra estética que não é a ‘hollywodiana’. Para exemplificar, temos o tema visões do corpo no qual exibiremos o filme “A Caminho para Kandahar”. Ele fala sobre a guerra no Afeganistão e traz a questão da pessoa amputada, da mulher que usa burca, da diferença entre os gêneros em partes do oriente” – conta Marcia. 

Temporada 2010 

A partir da próxima semana, com o reinício das aulas em todas as unidades do Centro de Ciências da Saúde, o Laboratório de Linguagens e Mediações trabalhará nos ajustes finais para iniciar a temporada 2010 do “Vídeo em Cena no CCS”. No entanto, ainda não está definido o calendário de exibição.  

Os organizadores do projeto almejam para este ano maior interatividade com o público.  A primeira iniciativa é a criação de uma caixa de sugestões, para que os espectadores possam dar sua opinião sobre o projeto, sobre os temas apresentados, além de sugerirem filmes. Todavia, a principal medida é a criação de um espaço efetivo de debate após a exibição das obras. “Ainda não conseguimos implementar o espaço de discussão. Em alguns momentos a professora Vera conseguia um momento para conversar com o público após a exibição, no próprio saguão. A intenção é ouvir as pessoas para termos um material a analisar e poder entender como o filme está sendo recebido”, avalia a doutoranda.  

Por fim, Márcia de Sá afirma: “o que o cinema possibilita é estarmos junto de vários elementos que formam o filme, e aquilo desperta vários pensamentos, às vezes reflexões mais científicas, às vezes apenas sentimentos, às vezes isso tudo mesclado. Por isso achamos esse projeto muito rico, porque dá a possibilidade de despertar emoção, raciocínio, produção”, conclui.  

Confira a relação de algumas obras presentes na proposta da grade de programação para este ano:

- A caminho de Kandahar;

- Adeus Lênin!;

- Edifício Máster;

- O nome da rosa;

- Má educação;

- Cazuza, o tempo não para;

- Ilha das Flores;

- Shine;

- A lista de Schindler;

- Tempo de despertar