Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 269
15 de setembro de 2011

Por uma boa causa

Tratamento caseiro agrava casos de doenças de pele

Rafael Amendola

Nesta segunda reportagem sobre o tratamento de doenças a partir de métodos caseiros, tema deste mês, o Por uma Boa Causa aborda a “sabedoria popular” para tratar doenças de pele. Os procedimentos utilizados mostraram-se perigosos e, sobretudo, podendo deixar marcas na pele para o resto da vida.

A utilização de métodos caseiros é motivada pela vontade de eliminar rapidamente doenças de caráter antiestético. Receitas caseiras são comuns  para o tratamento de casos do molusco contagioso e das verrugas — tumores que surgem na pele. Ambas as patologias são causadas por vírus. Portanto, é muito importante que todo o material de contaminação seja retirado do corpo. No tratamento feito em casa, isso não acontece e pela falta de conhecimento a situação pode se agravar.

O primeiro passo para tratá-las é deixar de lado as agulhas quentes e linhas finas que são geralmente usadas para a remoção do tumor. “Tais procedimentos podem provocar marcas definitivas na pele como cicatrizes inestéticas”, revela a dermatologista Marcia Ramos e Silva, professora associada do Curso de Pós-graduação de Dermatologia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM-UFRJ) e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

No caso do molusco, segundo ela, existe mais de uma forma para o dermatologista realizar o tratamento. “O tratamento ideal é a curetagem de cada lesão, pois há a retirada de todo o material viral de potencial contaminante. Além disso, há medicamentos que quando aplicados sobre as lesões, levam à formação de bolha que, quando se rompe, leva junto o molusco”, afirma a doutora. Sobre as verrugas, ela mantém seu pensamento sobre a utilização por parte do dermatologista de métodos e tratamentos eficazes.

O tratamento caseiro também é alternativa para muitas pessoas em função do alívio momentâneo de dor ou coceira. Nesse caso, há também um perigo, pois a necessidade de tratamento imediato é omitida. “O ideal é procurar um serviço de atendimento de urgência para que sejam prescritos remédios eficientes”, complementa a dermatologista.

Sobre as queimaduras, parentes e amigos sugerem o uso de manteiga com o objetivo de aliviar a dor das lesões. Entretanto, a dermatologista Marcia Ramos explica que, com a substância, a pele fica hidratada e reitera que um problema mais sério pode estar sendo mascarado.

A urticária, agudas lesões avermelhadas numa área de pele circunscrita, provoca coceira que, em alguns casos, é tratada com “receitas caseiras”. São propostos banhos mornos com bicarbonato de sódio e farinha de aveia para aliviar o incômodo causado pela patologia. Mas, como explica a médica Marcia, com o atendimento especializado, cada caso pode ser analisado individualmente para que assim haja orientação específica. O alívio que essas substâncias agregam, portanto, não é o bastante.

Risco de câncer de pele

Doença não contagiosa na qual ocorre a perda de pigmentação natural da pele, o vitiligo possui as mais perigosas teorias de tratamento caseiro. Esta patologia deixa a área da pele afetada muito sensível à exposição solar podendo até desenvolver um câncer de pele. Portanto, do conhecimento popular pode ser aplicado o ditado “todo cuidado é pouco”. Ingestão de alimentos como gérmen de trigo ou levedura de cerveja para repor a melanina não encontram respaldo científico, segundo a professora Marcia Ramos.

Marcia Ramos alerta acerca do uso de suco de limão associado à exposição ao sol, receita usada para obter um bronzeado perfeito. “Suco de limão na pele associado à exposição solar leva ao surgimento de queimaduras que podem variar desde manchas castanho-escuras, irritações leves a intensas, bolhas até a formação de cicatrizes definitivas”

Anteriores