Agência de Notícias da UFRJ www.olharvital.ufrj.br
Edição 268
1 de setembro de 2011

Ciência e Vida

Projeto pioneiro no Hospital Universitário ajuda a inovar tratamento e diagnóstico do câncer


Lorena Cecília

 

A terapia oncológica alcançou enorme desenvolvimento nos últimos anos, aumentando significativamente a sobrevida após diagnóstico inicial e exigindo a conquista de melhor qualidade de vida. Há tempos o combate ao câncer conta com os radiofármacos, que são compostos (radionuclídeo + fármaco) usados largamente em medicina nuclear, geralmente indicado em pacientes oncológicos. Na América Latina, o Brasil é o maior produtor dessas substâncias e o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) possui um laboratório para produção desses medicamentos em escala nano (o equivalente a um milionésimo de milímetro), os chamados nanorradiofármacos. No Rio de Janeiro, os pesquisadores do HUCFF estão avaliando os radiofármacos em uso, com destaque para os voltados para câncer renal e ósseo.

O laboratório, que conta com uma equipe de 15 pesquisadores e já desenvolve estudos conjuntos com 17 instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior, acaba de desenvolver dois radiofármacos em escala nanométrica. O primeiro, o EDTMP marcado com 153-Sm para terapia tumoral de câncer ósseo e, o segundo, o DMSA marcado com 99mTc, para avaliação de câncer renal. Esses são os primeiros nanorradiofármacos produzidos na América Latina. Os resultados preliminares, tanto em animais quanto in vitro demonstram sua eficácia.

Uma das pesquisas, em parceria com especialistas do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ, está voltada para o desenvolvimento de um composto de samário-153 (Sm) que, segundo o Diretor do Laboratório de Nanorradiofármacos, dr. Ralph Santos-Oliveira, é mais eficaz no combate à dor, pois uma única nanopartícula atinge melhor o órgão afetado. "É comum que casos de câncer de mama ou de próstata evoluam para câncer ósseo. Quando isso acontece, entre os sintomas há a chamada síndrome incurável do câncer ósseo, que provoca dores fortíssimas e como o próprio nome diz, não tem cura. O tratamento, nesse caso, consiste em reduzir as dores no paciente com o de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos, que, se não eliminam totalmente a dor, reduzem-nasubstancialmente", explica Santos-Oliveira, especialista em radiofarmácia e pesquisador do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) e do HUCFF, que também é coordenador do projeto.


Segundo ele, o Laboratório de nanorradiofármacos é o único do país com estrutura física para trabalhar a matéria radioativa em escala nano. "Por ser essa dosagem bem menor, os novos compostos expõem o organismo a menos radiação. Além disso, atingem o tumor com maior precisão e, portanto, com menor risco de afetar órgãos sadios próximos",  afirma Santos-Oliveira, que acredita que o produto deva estar disponível no mercado em cerca de oito anos.

Anteriores