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Edição 248
04 de fevereiro de 2011

Argumento

Como foi a participação do Brasil na Expedição Mundial Malaspina 2010

Michelly Rosa

Pesquisadores do Instituto de Biologia da UFRJ participaram no início deste mês de uma expedição que vai marcar a história das pesquisas sobre impactos globais e biodiversidade.

A expedição Malaspina 2010 partiu da cidade de Cádiz, na Espanha, para o início de uma trajetória em mais de 350 pontos em todo o mundo com a contribuição de mais de 400 profissionais.

O objetivo do estudo é coletar informações através de mais de 70 mil amostras de ar, água e plâncton a mais de cinco mil metros de profundidade e, a partir disso, desenvolver uma pesquisa detalhada sobre os impactos das mudanças de temperatura global e biodiversidade em águas profundas.

No Brasil, a expedição contou com a contribuição da equipe do Laboratório de Biogeoquímica do Instituto de Biologia da UFRJ, coordenada pelo professor Alex Enrich Prast.
De acordo com o Alex, a participação da UFRJ na expedição é de extrema importância para a caminhada do Brasil como potência mundial.

“É extremamente importante para o Brasil participar de projetos desta magnitude, com integração entre pesquisadores de diversas áreas, todo financiado pelo governo Espanhol. Os alunos da UFRJ são os únicos brasileiros envolvidos na expedição”.

A partir da cooperação com Carlos Duarte, do Conselho Superior espanhol de Investigação Científica (CSIC), os alunos de doutorado Luana Pinho e Humberto Marotta foram co-orientados pelo pesquisador e participaram das pesquisas em alto mar.

Segundo Luana Pinho, que participou do primeiro mês da expedição no trajeto Cádiz – Rio de Janeiro, o oceano profundo é ainda pouco estudado, o que faz do projeto uma atividade de grande importância: “nós passamos um mês coletando amostras em alto mar em profundidade de até quatro mil metros, isso é extremamente importante para a ciência”.

O dia a dia de estudos

A doutoranda trabalhou no Bloco de Contaminantes dentro do navio e contou ao Olhar Vital sobre as primeiras semanas de pesquisa: “As atividades eram divididas em blocos. Nós estudamos a emissão de carbono volátil e medições de CO2 em contínuos de água e de ar, além de coletar amostras para análise de metais e vitaminas”.

Segundo Luana, os pesquisadores precisaram de um tempo para interagir, definir tarefas e conhecer novos equipamentos.

“Éramos cerca de 40 pesquisadores, cada um de um laboratório ou país diferente, utilizando aparelhos novos e sofisticados. Precisamos de uma semana para nos harmonizar com as tarefas”, revela.

As estações de coleta em alto mar são definidas de acordo com o tempo de viagem. Todos os dias, às quatro horas da manhã, o navio para, se iniciam os trabalhos de coleta e a viagem só é retomada com todos os trabalhos realizados. “No início demorávamos mais de 12 horas para realizar as coletas, teve um dia que terminamos às oito horas na noite”, conta.

Luana revelou também as dificuldades de comunicação durante a viagem: “nós tínhamos um sistema intranet no computador, limitado, que não carrega coisas muito pesadas e este era o nosso canal com o mundo lá fora. Era muito importante para comunicação com o Laboratório”.

 

Importância para ciência, sociedade, meio ambiente e universidade

A participação de Luana na circunavegação terminou no último dia 13 de janeiro quando a expedição aportou no Rio de Janeiro e foi aberta à visitação do público, que participou de palestras e entrevistas.

“Uma das coisas mais importantes desta expedição é o trabalho para a sociedade, nós informamos porque isso é tão importante para suas vidas e como o dinheiro do imposto está sendo gasto.”

Para a ciência, a Expedição Malaspina 2010 é um dos pouquíssimos estudos que analisam o oceano profundo, que se caracteriza como um meio de difícil acesso e que demanda muito gasto para exploração.

De acordo com Luana, futuros estudos serão beneficiados pelo banco de dados resultado da expedição: “daqui a 30 anos, será possível comparar de forma concreta as mudanças no meio ambiente e na biodiversidade dos oceanos. Com as amostras armazenadas, o cientista pode realmente definir uma medida direta, diferente das previsões atuais sobre o meio ambiente”.

A pesquisadora conclui: “como aluna, trabalhar com profissionais de diferentes nacionalidades, grupos de pesquisa e de diversos países com a utilização de equipamentos sofisticados e acesso a novas metodologias fez da expedição uma grande experiência”.

 

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