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Edição 238
20 de outubro de 2010

Saúde e Prevenção

Genética aliada ao tratamento da miopia

Michelly Rosa

A população cada vez maior de míopes no mundo conta agora com mais um aliado ao tratamento da doença: a genética. Um estudo realizado por cientistas de diversos países revela a possibilidade da criação de colírios, pílulas ou outros fármacos para o tratamento da miopia, através da correção dos defeitos dos genes responsáveis pelo dano. 

Alternativa mais simples e prática, a terapia gênica dispensaria óculos, lentes e cirurgias para a miopia, além disso, possibilitaria a cura do problema também em pacientes que apresentam resistência aos tratamentos já existentes. 

De acordo com o oftalmologista Renato Cunha David, do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), com o conhecimento do DNA, tornou-se possível identificar os genes responsáveis por várias doenças genéticas, como a miopia. O tratamento consiste em modificar esse DNA, trocando o gene responsável pela miopia, por exemplo, por um "sadio". 

Há tempo, os óculos de grau já vêm sendo substituídos pelas lentes de contato e pelas cirurgias. Segundo Renato, a Terapia Gênica pretende curar a miopia e suas alterações, o que é muito mais do que se livrar de óculos. Além, disso o modelo de tratamento já obteve resultados favoráveis e tudo indica que esses avanços podem realmente acabar com a necessidade no uso de óculos para míopes.

“O objetivo é mesmo tratar a miopia através de colírios ou comprimidos. Em conversa com uma pesquisadora brasileira de células-tronco e terapia gênica na Suécia, doutora Maria Tereza Peres, tive notícia de que os estudos são neste caminho, desde que o gene seja detectado na infância, antes que o olho míope se desenvolva”, explica o médico.

Porém, para o oftalmologista, os óculos podem não ser totalmente substituídos devido à associação muito comum entre miopia e outras doenças oftálmicas, como astigmatismo e glaucoma: “acontece que estamos falando de miopia pura e um bom número de pacientes apresenta astigmatismo, muitas vezes alto, associado à miopia. Nestes indivíduos, a adaptação de lentes de contato é mais complicada, assim como a cirurgia. Então a solução fica, na maioria das vezes, nos óculos mesmo.”  

Estilo de vida moderno e miopia

No mundo atual, a grande quantidade de horas em frente ao computador, somada à estrutura fechada dos escritórios e da paisagem fechada dos centros urbanos, longe de paisagens naturais e cenários distantes pode influenciar no desenvolvimento ou agravamento da miopia. 

“O foco para longe/perto é feito por músculos e o mundo moderno, nos grandes centros, nos leva a usar muito mais a visão para perto que para longe, com computadores, vídeo games, leituras etc. Quantos de nós apreciamos um pôr do Sol em Ipanema, ou contemplamos uma serra nos últimos seis meses? Os estudos têm comprovado esta tese”, completa o médico. 

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