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Edição 234
23 de setembro de 2010

Argumento

SOS Hospital Escola

Unidade negocia investimentos para a reabilitação o prédio e recebe verbas da reitoria para reformas emergenciais

Michelly Rosa

Quem passa pela Avenida Presidente Vargas, na altura da Cidade Nova, se depara com um prédio histórico, em estilo neoclássico, degradado e abandonado. O local, onde hoje funciona o Hospital Escola São Francisco de Assis da UFRJ (HESFA) recebeu recentemente verbas para reparo emergencial da fachada e negocia com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) um financiamento para recuperação de outras áreas danificadas.

O prédio, construído no final do século XIX para instalar o “Asilo São Francisco”, tornou-se hospital-escola a partir de 1922. Desativada no ano de 1978 e tendo sua equipe transferida para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), a Unidade retornou às atividades em 1988 para atender uma emergência com vítimas de enchentes no Rio de Janeiro.

Desde então, o prédio sofre com a falta de manutenção e cuidado. De acordo com Maurício Shirmer, Diretor Administrativo da Unidade, o grande problema do HESFA é financeiro: “Faltam recursos não só para a reforma do prédio como também para aquisição de materiais permanentes”.

São previstas, inicialmente, três etapas para a recuperação do prédio. A primeira - cuja verba já foi liberada pela Reitoria da UFRJ - consiste na restauração da fachada e do telhado do prédio principal. “Neste momento, a prioridade é a parte externa do prédio. O objetivo desse reparo emergencial é conter pelo menos a entrada de água quando chove”, explica Shirmer. Nas duas outras etapas, que dependem do término das negociações com possíveis investidores, será feita a restauração de outros dois prédios laterais e a demolição de prédios anexos.

Sobre estes planos, o Olhar Vital falou também com Paulo Bellinha, arquiteto e Diretor de Preservação de Imóveis Tombados da UFRJ, que ressaltou a importância de manter as características da estrutura original do prédio: “Todos os prédios construídos até 1920 são tombados pelo Patrimônio Histórico. Há alguns prédios no HESFA que além de estarem extremamente degradados, não fazem parte da arquitetura original da construção e precisarão ser demolidos”.

Ainda de acordo com o arquiteto, a construção em etapas burocratiza o processo: “O prédio foi construído em três etapas: a primeira com prédios voltados para a Presidente Vargas, a segunda na parte inferior e a terceira na década de 1920, com a criação do anexo na parte lateral direita. Cada área precisa de aprovação de um processo executivo único, além da permissão do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), por ser um prédio tombado”.

Atividades de atenção básica e potencial acadêmico

Apesar dos problemas, o HESFA se destaca na UFRJ como unidade de atenção básica, com programas desenvolvidos para a terceira idade, e para a saúde da família. Além disso, o local abriga a unidade de reabilitação do CEPRAL (Centro de Ensino, Pesquisa e Referência em Alcoologia e Adictologia) que vem promovendo um trabalho de tratamento, prevenção e divulgação do problema da dependência em toda a UFRJ.

O espaço, porém, ainda pode ser mais aproveitado, não só para atendimento geral como para atividades acadêmicas e de ensino. Para Maurício Shirmer, o HESFA tem muito espaço e pouca atividade: “Temos áreas que poderiam ser utilizadas para atividades acadêmicas, mas não são por causa dos problemas estruturais. Há uma limitação de um espaço que poderia ser mais bem aproveitado”.

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