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Edição 218
02 de junho de 2010

Saúde e Prevenção

Os perigos do tétano

Especialista alerta sobre a gravidade da doença e a importância da vacinação

Marlon Câmara

Os cuidados para evitar lesões corporais como arranhões, cortes e mordidas devem ser extremos, não só pelas dores causadas pelo ferimento, mas principalmente para prevenir doenças infecciosas, como o tétano. Causado pela bactéria Clostridium tetani, o tétano é uma doença grave e de fácil transmissão, que pode levar à morte. “A bactéria libera uma toxina que quando entra em contato com o indivíduo, causa a infecção que dá origem ao tétano. Essa toxina, porém, é inativável através da vacinação, logo, essa é uma doença imunoprevenível”, explica Regina Moreira, professora de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

O tétano causa intensas contrações musculares por todo o corpo, que se intensificam com o tempo. Um dos sintomas avançados mais frequentes é a inclinação completa do corpo do indivíduo, em forma de um arco, com o abdômen rígido para frente. “A doença causa normalmente uma contratura localizada, principalmente na perna, que vai se generalizando para todo o corpo posteriormente”, relata a especialista. 

“A internação para o paciente do tétano é imprescindível. O indivíduo infectado deve ser encaminhado imediatamente a unidade de terapia intensiva, onde receberá relaxantes musculares, além de antibióticos, que atuam no combate à bactéria e soro ou imunoglobulina para eliminar a toxina”, diz a professora. O tratamento, porém, deve ser feito com cuidado, visto a fragilidade do infectado. “As sequelas consequentes dependem não só da gravidade do tétano, como das complicações do período de internação. O paciente recebe relaxantes musculares para diminuir as contrações, mas esses medicamentos podem causar paralizia da musculatura respiratória e do diafragma, fazendo com que seja necessário a utilização de aparelhos para auxiliar na respiração”. 

A importância da vacinação 

Segundo Regina, a doença não é contraída necessariamente através de ferimentos ou lesões, podendo atingir qualquer um que não esteja imunizado. “Das pessoas que são infectadas pelo tétano, 10 a 20% não sofreram ferimento algum”.

O número de casos do tétano no Brasil, felizmente, diminui a cada ano graças a contínua melhora da cobertura vacinal contra a doença. “O tétano neo-natal, que antes era o mais frequente, sofreu uma diminuição com a vacinação das grávidas, que imuniza os recém-nascidos. A faixa etária que antes era do neonato, atualmente está desviada para os mais idosos, que tomaram a vacina há muito tempo e perderam a imunidade, desenvolvendo a doença a partir da quarta ou quinta década de vida”, expõe a profissional. 

A vacinação contra o tétano é de extrema importância. A vacina deve ser tomada a cada dez anos para garantir a imunização completa do indivíduo. “O fato de uma pessoa ter tido tétano uma vez não o imuniza. Por esse motivo a vacinação é tão importante, é a única forma de garantir a não contração da doença”, conclui Regina.

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