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Edição 216
20 de maio de 2010

Saúde em Foco

Parte dos bailarinos profissionais tem transtornos alimentares



Profissionais de dança têm percepção distorcida da autoimagem motivados por pressões profissionais e buscam suposta correção da forma física assumindo comportamentos alimentares de risco


Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

Bailarinos têm alta insatisfação com o corpo e, por isso, assumem comportamentos alimentares de risco, o que, muito provavelmente está ligado às exigências da profissão e não a características patológicas de determinada doença, como por exemplo anorexia nervosa. Esta é a conclusão de pesquisa feita com 61 bailarinos de uma instituição profissional de dança do Rio de Janeiro por Lena Ribeiro e Gloria da Veiga, do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ.

De acordo com artigo publicado na edição de março/abril de 2010 da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, “a grande preocupação com a aparência e a forma física e a constante pressão para manterem baixo peso corporal são fatores que levam a distorções da imagem corporal e tornam os bailarinos um grupo de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares”. Elas explicam também que “a imagem corporal consiste no modo pelo qual o corpo se apresenta para cada indivíduo”. De acordo com o texto, crenças e valores de uma cultura, entre outros fatores, induzem a formação desta imagem padrão – por exemplo, “como no meio profissional dos bailarinos onde o corpo magro e esguio é altamente valorizado” e “a percepção da imagem corporal pode ser mais importante na determinação de TA do que o próprio peso”.

Para avaliar os possíveis transtornos de imagem e alimentar, as autoras utilizaram os questionários EAT-26 (Eating Attitudes Test) e BITE (Bulimic Investigatory Test Edinburgh) e a escala de silhuetas de Stunkard em bailarinos clássicos de ambos os sexos – 39 mulheres e 22 homens. Os resultados apontam que 31 bailarinos , mais da metade, “gostariam de ter a silhueta menor que a autopercebida como usual”. Além disso, comparados àqueles do grupo que estavam satisfeitos com sua forma física, as cientistas identificaram comportamento de risco alimentar 2,71 vezes maior entre os que desejavam uma silhueta menor que a usual e 2,64 vezes maior entre os que desejavam uma silhueta abaixo da considerada saudável, grupo em que predominaram os indivíduos mais jovens e do sexo feminino.

Para Lena e Glória, o fato de mulheres e pessoas mais jovens assumirem atitudes de risco alimentar para ter uma forma física considerada insalubre não caracteriza um estado patológico primário, mas sim questões estéticas vinculadas às exigências da profissão. “Entre pacientes com anorexia nervosa, o desejo de ter silhueta menor que a considerada mais saudável está ligado à própria doença, entretanto, entre os bailarinos, as exigências físicas da profissão podem estar impulsionando esse desejo”, alertam. O artigo completo pode ser lido em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922010000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.

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