• Edição 247
  • 19 de janeiro de 2011

Por uma boa causa

Rio tem verão chuvoso em 2011

Fernanda Flores

O Rio de Janeiro está em estado de alerta. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a chuva, que se apresenta na cidade desde o início do verão, permaneceráao longo de todo o período de maneira mais intensa e constante que a de costume.

Para tratar do assunto, o Por uma boa causa abordará nas edições de janeiro e fevereiro a questão climática, com enfoque nas chuvas e suas consequências para a população.

Ao longo do verão, é normal que ocorram pancadas de chuvas resultando em inundações e deslizamentos de terras. Contudo, neste ano, as chuvas serão mais severas, não pela influência dos gases poluentes - que resultam no efeito estufa e, por conseguinte, nas mudanças climáticas -, mas devido a La Niña - uma variabilidade natural do clima.

A influência desse fenômeno resulta no resfriamento incomum das águas do Pacífico Equatorial, o que provoca o aumento do volume de chuvas na maior parte do Brasil, principalmente na região sudeste, de forma concentrada e contínua. Com maior precipitação, os riscos de deslizamentos e enchentes se ampliam.

Segundo Maurício Elrich, professor de Geotecnia da Coppe/UFRJ, tanto as chuvas constantes quanto as espaçadas são prejudiciais ao solo. Entretanto, “uma chuva melhor distribuída facilita o escoamento das águas, causando menores problemas com inundações e deslizamentos. Por outro lado, chuvas constantes saturam o terreno, aumentando o peso e diminuindo a resistência do solo. Com isso, quando se tem chuvas constantes associadas a alguma pontual, o risco de desastre aumenta ainda mais, foi o que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro”, analisa.

 Não só por questões morfológicas, mas também pelo tamanho populacional e a extensão da urbanização dessas áreas, a cidade do Rio de Janeiro possui áreas de grande vulnerabilidade. Normalmente as regiões mais carentes são as mais atingidas, uma vez que não há construções planejadas, além da carência de aterros e monitoramentos contínuos. “O ideal seria que as áreas de risco não fossem ocupadas, principalmente quando são desprovidas de qualquer assessoria técnica”, disse o engenheiro.

Com a coleta de informações sobre o solo e uma política de prevenção, muitos desses desastres poderiam ser evitados; principalmente se for considerado que se trata de um fenômeno climático que acontece ciclicamente. Já que é conhecido e previsível,  poderiam ser tomadas as devidas precauções para a prevenção de tragédias, conclui o professor.