• Edição 236
  • 07 de outubro de 2010

Cidade Universitária

Projeto da UFRJ lança vídeos para prevenção do câncer

Michelly Rosa

Apesar dos avanços em campanhas de divulgação dos riscos de câncer, ainda há tabus e dúvidas recorrentes no que diz respeito à prevenção e às complicações da doença. Diante disso, o Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia da UFRJ, coordenado pela jornalista Claudia Jurberg, vem lançando vídeos de animação sobre os fatores de risco para o câncer.

O último vídeo lançado pela equipe é voltado ao público jovem e aborda a questão do tabagismo. De acordo com Claudia Jurberg, a ideia de divulgação na temática do câncer surgiu a partir de pesquisas que mostram a necessidade de informação na área.

“Fizemos uma pesquisa em 2003 com uma amostra da população paulista e vimos que, em alguns casos, as pessoas estavam mal informadas sobre a doença, acreditando, por exemplo, que não há agente infeccioso na transmissão. O vírus do papiloma humano (HPV) é um exemplo do contrário, assim como o vírus da hepatite também. Além disso, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) fez uma pesquisa mais ampla em 2007 e mostrou que as pessoas sabiam da correlação entre alguns fatores de risco e câncer, porém ainda associavam a doença à morte e sofrimento. O Inca entrevistou mais de duas mil pessoas em todo o Brasil. E, desde então, temos nos dedicado a isso”, explica a coordenadora.

O objetivo do Projeto é informar a importância da prevenção do câncer de forma lúdica, procurando desmistificar a doença. Os vídeos são planejados de forma a atender também o público surdo. “Os dois primeiros vídeos já estão no YouTube (‘O amor em tempos de HPV’ e ‘Jogo de uma morte anunciada’) e o projeto do terceiro vídeo (‘Memórias de minhas pintas tristes’) começará agora. Como o Laboratório de Imunologia Tumoral, do Instituto de Bioquímica Médica, onde está sediado o Núcleo, tem todo um projeto dedicado ao ensino de biociências para surdos, resolvemos também nos dedicar a esse público-alvo. É um grande desafio, pois os surdos têm muitas dificuldades com o português. Assim, procuramos fazer produtos que atendam a ambos: surdos e ouvintes. Não é uma tarefa fácil”, relata Claudia Jurberg.

Para a realização de cada vídeo, há uma pesquisa prévia na área desejada. O primeiro lançado pela equipe, por exemplo - hoje com mais de 13 mil exibições no YouTube -, foi planejado a partir de uma pesquisa com 433 adolescentes ouvintes e surdos sobre o vírus HPV. Já para a produção sobre tabagismo, foram entrevistados jovens de uma favela carioca e alunos de Biomedicina.

Sobre a repercussão dos vídeos, Jurberg comemora: “É difícil, diante de um material público, postado no YouTube, identificar o impacto que possa ter, mas fizemos estudos com jovens surdos e verificamos que ambas as produções resultaram em debates, o que por si só é muito importante, pois podem ajudar no esclarecimento e na tomada de decisões mais conscientes, evitando riscos como o câncer, no futuro”.

O próximo vídeo já  está em produção e abordará o tema da exposição ao sol e o câncer de pele. “Fizemos uma pesquisa com 900 banhistas das praias cariocas. Agora, estamos analisando os dados para a idealização do roteiro”, afirma a jornalista. Veja os vídeos:

O amor em tempos de HPV: http://www.youtube.com/watch?v=OlHkABRvSwI

Jogo de uma morte anunciada: http://www.youtube.com/watch#!v=Q48XyvCCRE0&playnext=1&videos=2vlJzojQbv8&feature=mfu_in_order