• Edição 229
  • 19 de agosto de 2010

Cidade Universitária

Espaço de estudo é incendiado na UFRJ

Michelly Rosa

Nos últimos dias 12 e 13 um incêndio na área onde funciona o Projeto Capim-Limão da UFRJ surpreendeu a comunidade acadêmica e criou o alerta para a falta de segurança no campus.

O projeto Capim-Limão ocupa a cerca, há quatro anos, na área verde em frente à Fundação Bio-Rio. No local são realizadas atividades de agricultura orgânica, produção de sementes, além de servir como local de estudos para alunos da UFRJ e escolas próximas.

O incidente foi oficialmente pautado esta semana, durante o Conselho de Coordenação do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) pelo aluno Marcelo Côrtes, do Instituto de Biologia, através de uma carta à prefeitura da Cidade Universitária, na tentativa de tornar visível o acontecimento e alertar para o problema da segurança.

De acordo com a coordenação do projeto, foram encontradas manchas de uma espécie de piche (altamente inflamável) próximas à calçada da Bio-Rio e em torno da área degradada.

A partir da análise do grupo, a perda foi quase total. “No primeiro dia de incêndio aproximadamente 40% da área foi destruída, porém, no dia seguinte, o fogo se alastrou justamente nos locais preservados do incêndio anterior”, relata Marcelo.

Durante a apresentação do projeto aos calouros de Biologia, o aluno Gabriel Pereira, um dos responsáveis pelo projeto Capim-Limão, lamentou ocorrido: “Não há nenhuma diferença entre incendiar nossa área de estudo e incendiar uma sala de aula, este espaço servia como área de experimentação e aplicação de conhecimentos adquiridos.”

Parecer da Prefeitura Universitária

Em email enviado ao professor Antonio Mateo Sole-Cava, diretor do Instituto de Biologia, o prefeito Helio de Mattos diz ter recebido os alunos Centro Acadêmico da Biologia na manhã de hoje (19/08), com o intuito de resolver o problema.  

O prefeito declara que “se trata de um ato criminoso, feito duas vezes contra esse projeto que envolve alunos e docentes do Instituto de Biologia. Além de ser um crime ambiental. As manchas de óleo são bem claras em relação ao fato”  

A prefeitura está  aguardando o laudo elaborado pelo Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ). Helio informa ainda que o sistema de monitoramento por câmeras do campus  já foi acionado para  termos imagens nos possíveis horários apontados. O sistema que existe na Fundação BIO RIO e possíveis testemunhas também estão sendo acionadas. 

Além disso, segundo o prefeito, as viaturas da DISEG já foram orientadas para intensificar a ronda no local, assim como a Policia Montada da PMERJ. 

Helio de Mattos terminou o email se solidarizando com o Instituto de Biologia e a todos os docentes,  alunos e alunas do Projeto Capim Limão 

Conheça o Projeto

O Grupo de Extensão Capim-Limão, vinculado à Pró-reitoria de Extensão da UFRJ (PR-5), foi criado em 2006, por alunos do Instituto de Biologia da UFRJ, com o objetivo de promover discussões e esclarecimentos sobre agroecologia, educação, recuperação ambiental, agricultura familiar, reflorestamento e movimentos sociais.

Desde então, os alunos mantém um centro de estudo chamado “Ocupação Verde”, onde com o auxílio dos mutirões na entrada de cada turma de calouros são manejadas plantas a partir de princípios agroecológicos. Essa maneira diferente de “trote” estimula o interesse dos novos alunos pela área agroecológica e de revitalização.

De acordo com Gabriel, os alunos do projeto transformaram uma área com solo ruim, degradado, não fértil uma grande área de plantio e produção de sementes chamadas “crioulas” (sementes nativas ainda não patenteadas e monopolizadas por grandes empresas), através do manejo da área com experimentação de técnicas aprendidas na faculdade. Estas sementes são doadas para produção, replantadas ou trocadas por outras espécies.

Além disso, “Ocupação Verde” costuma receber visitas de escolas vizinhas que procuram um local de aprendizado agroecológico a céu aberto. “Isto aqui é um espaço didático, um ambiente de experimentação. Escolas da Maré e professores da UFRJ já utilizaram o local como sala de aula”.

O Projeto Capim-Limão está aberto a voluntários para uma nova revitalização da área destruída pelo fogo. Mais informações sobre o grupo através do blog