• Edição 207
  • 04 de março de 2010

Por uma boa causa

Natação: uma das muitas possibilidades de aprendizado

Ana Zahner

Foto: Banco de Imagens UFRJ

A Educação Física é uma das disciplinas mais controversas das escolas. Entre os próprios alunos há divergências de opinião: alguns amam, outros odeiam. Diversas escolas optam por oferecer mais de uma atividade física, deixando o aprendizado mais dinâmico e divertido. No Por Uma Boa Causa deste mês, abordaremos diferentes possibilidades e o que elas podem propiciar aos alunos. 

A primeira atividade abordada é a natação, e, para falar do que é essa prática nas escolas, conversamos com a professora Marcia Fajardo de Faria, docente do Departamento de Corridas da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ. “A natação escolar, como todas as atividades da Educação Física, tem como finalidade básica formar cidadãos que busquem qualidade de vida. Especificamente, trata-se de uma das atividades físicas mais completas e praticadas na atualidade”, diz a professora. 

A água exerce fascínio nas crianças, e, por isso, pode tornar os exercícios mais prazerosos. Além disso, por ser um ambiente essencialmente diferente de onde o aluno costuma se exercitar, o ensina a se adaptar a situações diferentes. “Não podemos nos esquecer do aspecto utilitário da natação. Levando em conta que vivemos em uma cidade litorânea, essas aulas contribuem para a redução de casos de óbitos por afogamentos, tão frequentes na população infantil”, ressalta Marcia. 

Além desses benefícios, há outros casos em que a natação é recomendada. A asma, doença muito comum na infância, frequentemente afasta a criança de suas atividades. O broncoespasmo, apesar de poder ser induzido pelo exercício, é provocado pelo ressecamento e o resfriamento das vias aéreas. Com exercícios no meio aquático, a respiração é realizada próxima à lâmina de água e evita a ocorrência desse processo. Para os que sofrem com os quentes verões do Rio de Janeiro, o trabalho em sala de aula ou na quadra pode se tornar impróprio, e, assim, a natação apresenta-se como alternativa extremamente prazerosa e produtiva. 

Pesquisa

Não são muitas escolas, no entanto, que oferecem práticas aquáticas. Márcia Faria relata um estudo realizado em 2009 por duas alunas da EEFD/UFRJ, que levantou dados de 169 escolas do município do Rio de Janeiro. Entre elas, somente 16 oferecem a natação como atividade curricular (15 privadas e uma pública), 14 como atividade extracurricular, e cinco para alunos do turno integral.  

“O número de escolas que incluem a natação como um dos conteúdos da Educação Física vem aumentando nos últimos anos, embora ainda esteja muito aquém do desejado. Esta tendência é mais percebida nas instituições particulares, haja vista o quadro de precariedade em que se encontra o ensino público em nossa cidade”, afirma a professora, ressaltando a necessidade de criação de piscinas públicas e manutenção dos parques aquáticos existentes. 

Segundo Márcia, para as instituições de ensino desenvolverem atividades aquáticas é necessário o uso de instalações apropriadas, o que demanda uma manutenção bastante onerosa. “Mas é possível realizar parcerias com clubes, academias, associações e instituições militares, dentre outras, pois frequentemente serão encontrados horários ociosos que podem ser aproveitados pelas escolas”, indica a professora. 

A natação, então, tem seu papel nas aulas de Educação Física. Em primeiro lugar, a possibilidade de diminuir riscos de afogamento. A diversão também é sempre um fator que agrada aos alunos mais novos, que praticam brincadeiras em suas mais diferentes manifestações. E, enfim, seu domínio possibilitará ao aluno, posteriormente, a aquisição de habilidades mais complexas, como a aprendizagem dos nados formais. Afinal, as Olimpíadas de 2016 estão cada vez mais perto, e as crianças de hoje poderão ser os campeões de amanhã.