• Edição 204
  • 28 de janeiro de 2010

Por uma boa causa

Cuidados com a terceira idade: como manter um ambiente seguro?



Vanessa Raposo e Caroline Pavão – AgN/PV

O Brasil envelheceu nas últimas décadas. Os dados são do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): de 1991 até a última amostragem, a população com mais de 60 anos cresceu em 17%, chegando a 14,5 milhões de habitantes. Isso equivale a afirmar que 8,6% dos brasileiros alcançaram o estágio em que devem desacelerar a rotina e cuidar mais da saúde.

A boa notícia é que a melhoria no bem-estar da população fez com que a expectativa de vida média dos brasileiros alcançasse os quase 70 anos de idade (68,6, segundo o IBGE). Por outro lado, o crescimento dessa faixa etária impõe a necessidade de cuidados especiais, tanto da parte do próprio idoso, quanto de seus familiares.

Como recanto mais importante da terceira idade, o lar ganha destaque. Carlos Paixão, professor da Escola de Medicina da UFRJ e coordenador do setor de Geriatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), dá as recomendações para criar um ambiente seguro. A iluminação, por exemplo, deve ser adequada. O médico alerta: "Os sistemas visual e auditivo perdem função com a idade e tornam os idosos mais suscetíveis a acidentes." Ele lembra que os principais danos envolvendo a terceira idade são as quedas, e por isso torna-se importante o cuidado com tapetes, principalmente, se estiverem escorregadios.

Outra dica é evitar que haja móveis em locais de passagem do domicílio, pois poderiam causar mais ferimentos em casos de queda. A família também deve ficar atenta à independência do idoso e avaliar se ele tem condição de viver sozinho. Uma recomendação é "ter um telefone disponível ou dispositivo de alarme de fácil utilização pelo idoso, como babás eletrônicas com o receptor no local onde o cuidador está", afirma Paixão.

A atenção ao controle externo dos horários e quantidades dos remédios é fundamental, pois outro problema grave da terceira idade é a medicação errada ou exagerada. Paixão explica: "Pode acontecer de eles se confundirem e usarem a mesma medicação mais de uma vez."

Verão perigoso

Verão chama festas, descontração e férias. Mas também traz problemas, principalmente para os mais velhos. A estação mais quente do ano pode, por diversos motivos, tornar-se um perigo para os idosos: é preciso se prevenir contra alguns problemas mais comuns da época.

Carlos Paixão alerta para um dos principais riscos do verão: a desidratação. "Os idosos sentem naturalmente menos sede e seu mecanismo de proteção através do suor está prejudicado. Por isso, hipertermia também é um risco." Para combater esses males, recomenda-se a ingestão de líquidos isotônicos (são exemplos a água de coco, o soro caseiro e o industrial Gatorade), mesmo sem sede.

A solidão e o isolamento são outros problemas comuns. Paixão lembra que muitas famílias aproveitam as férias para viajar, deixando para trás os familiares mais velhos, sem avaliar a possível dependência deles. "As famílias saem de férias e deixam os idosos sós, sem perceber, muitas vezes, que eles já não possuem mais autonomia suficiente para o autocuidado."

Segundo o geriatra, outro risco são as gripes, trazidas por turistas que chegam do inverno do hemisfério norte, principalmente durante o carnaval, quando a movimentação é maior. “Nestes casos, a vacinação antecipada torna-se essencial, principalmente se puder ser feita ainda em novembro, dando tempo ao corpo de organizar as defesas naturais”, finaliza Paixão.