• Edição 197
  • 12 de novembro de 2009

Saúde em Foco

Cientistas implantam tecido de pênis criado em laboratório


Cientistas americanos criaram tecido erétil de pênis em laboratório, que foi implantado em coelhos com sucesso, segundo artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Da BBC Brasil

Os cientistas da universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, acreditam que o estudo poderia trazer esperanças para homens com disfunções eréteis.

Os coelhos que receberam o implante de tecido mantiveram relações sexuais normais e geraram filhos.

“Claro, são necessários mais estudos”, disse o professor Anthony Atala, que liderou a pesquisa, “mas nossos resultados são encorajadores e sugerem que a tecnologia tem considerável potencial para os pacientes que precisam de reconstrução do pênis”.

“Nossa esperança é de que pacientes com anomalias congênitas, câncer de pênis, lesões traumáticas e alguns casos de disfunção erétil se beneficiem desta tecnologia no futuro.”

Desafio

A reconstrução do tecido erétil danificado é um desafio para os médicos, por causa de sua complexa estrutura e função.

Várias técnicas – inclusive o uso da prótese de silicone – já foram tentadas, mas todas com sucesso limitado.

A equipe de cientistas da Universidade Wake Forest já obteve considerável sucesso no campo da engenharia de tecidos, tendo desenvolvido bexigas humanas completas em laboratório, que foram implantadas em pacientes.

Em um estudo anterior, os pesquisadores conseguiram criar pequenos segmentos do tecido erétil dos coelhos, com 50% de funcionalidade.

Neste estudo, eles colheram células de músculo liso e células endoteliais do tecido erétil do animal. As células foram multiplicadas em laboratório e usadas para criar uma estrutura tridimensional, que depois foi implantada no pênis dos coelhos, que tiveram seu tecido erétil retirado cirurgicamente.

Um mês depois, os animais já haviam começado a formar tecido erétil organizado com estruturas de veias.

Para os pesquisadores, um fator chave foi o fato de as células terem sido injetadas na estrutura tridimensional em dois dias separados, permitindo que fossem injetadas quase seis vezes mais células de músculo liso do que em estudos anteriores.

A ereção ocorre quando o tecido de músculo liso relaxa, permitindo um aumento do fluxo sanguíneo, enrijecendo o pênis.

O relaxamento do tecido é provocado pela liberação de óxido nítrico das células endoteliais.

Testes mostraram que a pressão sanguínea no tecido criado em laboratório era normal, e que o fluxo sanguíneo aumentou durante a ereção e diminuiu normalmente depois.

Quando os animais com o tecido implantando cruzaram com as fêmeas, coletas vaginais demonstraram que havia esperma em oito delas, de um total de 12. Quatro das fêmeas ficaram grávidas.

Tim Terry, secretário honorário da Associação Britânica de Cirurgiões Urológicos, descreveu o estudo como “fascinante”.

Segundo ele, até agora a única opção para o tratamento de pacientes com lesões no tecido erétil é uma cirurgia altamente invasiva, e o estudo oferece uma esperança de melhor alternativa a longo prazo.

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