• Edição 180
  • 16 de julho de 2009

Faces e Interfaces

Power Plate: exercício sem esforço?

Amanda Salles e Thiago Etchatz

Na década de 60, a técnica da vibração foi desenvolvida para ajudar astronautas a se recuperarem dos efeitos da falta de gravidade, atuando sobre o corpo por meio de rápidas contrações musculares. Foi a partir desse princípio que foi idealizado o Power Plate, aparelho que é uma plataforma vibratória onde são realizados programas para ginástica, fisioterapia, além de massagens estéticas e relaxantes. Vencedor do prêmio "Melhor Equipamento de Inovação" na maior feira de fitness da Europa, FIBO 2002, sua eficiência foi comprovada por estudos feitos pela American College of Sports Medicine.

Para falar do uso e dos benefícios desse aparelho, o Olhar Vital convidou Roberto Simão, chefe do Departamento de Ginástica da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD), e Catarina Mabel, professora da Faculdade de Medicina da UFRJ (FM) e fisioterapeuta do Serviço de Fisioterapia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

Roberto Simão

Chefe do Departamento de Ginástica da EEDF

“O sistema do Power Plate é de vibração, cuja graduação é feita por diferentes níveis, indo do fraco até o intenso.

O aparelho já tem sete ou oito anos de mercado, mas o desenvolvimento científico sobre ele só começou há mais ou menos três anos. A partir disso, a aplicação inicial do Power Plate foi na área de reabilitação. Depois ele começou a ser estudado na questão de ganho de força, mas não existe nenhuma evidência científica que comprove que o uso desse aparelho é mais eficiente para o ganho de força do que o treinamento tradicional.

Quanto aos benefícios estéticos, a literatura sobre o assunto é muito pouca, mas o que existe é um artigo científico que fala sobre o gasto energético do Power Plate, que é 17% maior do que o gasto conseguido no treinamento tradicional. Portanto, ele se torna um aparelho inovador para quem quer gastar calorias extras.

O Power Plate é muito caro e só é encontrado em algumas clínicas de reabilitação, clínicas de estética e em mega-academias.

Os estudos ainda não comprovaram nenhuma contraindicação ao uso do Power Plate, mas teoricamente haveria proibições a pessoas que têm um grau de hipertensão muito forte, pessoas com alteração elétrica no miocárdio e doenças cardiovasculares em geral.”

Catarina Mabel

Professora da FM e fisioterapeuta do Serviço de Fisioterapia do HUCFF

“Power Plate é o nome comercial de um aparelho denominado plataforma vibratória. O equipamento promove a combinação de exercícios físicos com a contração muscular, o que favorece o aumento da densidade do tecido ósseo e muscular. Ele é utilizado em casos de síndrome do imobilismo, pós-operatórios, osteoporose, melhoria da coordenação muscular, melhoramento do sentido do equilíbrio e regeneração do tecido cartilaginoso.

A sua inovação é a vibração mecânica caracterizada por um movimento oscilatório em três eixos com ênfase no vertical, com frequência e amplitude determinadas. Essa vibração associada ao exercício potencializa a atividade mioelétrica e piezoelétrica do sistema musculoesquelético.

A plataforma vibratória não pode ser comparada a um aparelho tradicional de musculação, pois o seu princípio básico é a vibração e a propriocepção e o dos aparelhos convencionais é a sobrecarga de peso. Ela é contraindicada em casos de gravidez, uso de marcapasso, para indivíduos com distúrbios circulatórios e portadores de placas ou pinos metálicos.

Para a fisioterapia, a plataforma vibratória trouxe a possibilidade do treinamento palestésico, utilização da piezoeletricidade no tratamento cinético-funcional de diversos pacientes com sequelas de lesões neurológicas, traumatológicas, ortopédicas e, principalmente, reumatológicas. Os resultados conseguidos na sua utilização clínica são contundentes, comprovados em estudos e artigos desde a década de 1960.

Devido aos seus benefícios, a plataforma vibratória tem sido aceita por universidades, equipes desportivas, profissionais da área médica, estética e recondicionamento fisioterápico. Eu recomendo o uso da plataforma. Ela facilita o recondicionamento cinético-funcional, pois associa ao exercício a ativação da propriocepção, equilíbrio, coordenação e ganho de trofismo muscular.”