• Edição 164
  • 19 de março de 2009

Por uma boa causa

Café: amigo ou inimigo da saúde?

Cília Monteiro

Para dar continuidade à série Por uma boa causa deste mês, vamos abordar o polêmico cafezinho sob o ponto de vista nutricional nesta edição. “O café é uma mistura química complexa que contém carboidratos, lipídios, compostos nitrogenados, vitaminas, minerais, compostos alcalóides e fenólicos”, define Wilza Arantes Ferreira Peres, professora adjunta do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da UFRJ. 

De acordo com a nutricionista, na composição do café encontra-se  niacina, também conhecida como vitamina B3, que é formada durante o processo de torrefação do grão. Trata-se de uma substância fundamental para o metabolismo energético das células.  “A bebida também é fonte de vitamina E, mas em poucas quantidades”, diz a professora. Essa vitamina inibe a ação dos radicais livres e ajuda na recuperação do sistema imunológico. “E dentre os minerais encontramos magnésio e potássio”, acrescenta Peres.

Segundo Wilza, o consumo moderado de café vem apresentando evidências de efeitos benéficos para a saúde. “Estudos epidemiológicos sugerem que café com moderação pode ajudar a prevenir diversas doenças crônicas, tais como a diabetes mellitus tipo 2, doenças do fígado e doença de Parkinson”, exemplifica a professora. Ela também apontou que as evidências de risco do consumo são poucas.

Efeitos adversos

Wilza explicou que crianças que consomem altas doses de café podem apresentar alguns distúrbios como ansiedade, nervosismo e insônia. “A recomendação canadense é de que o consumo infantil não deve ultrapassar 2,5 mg de cafeína por quilograma de peso ao dia”, informa a nutricionista.

— Alguns estudos epidemiológicos em mulheres grávidas demonstram que altas ingestões de café podem aumentar o risco de aborto espontâneo ou reduzir o crescimento fetal — adverte a professora. Ela ainda afirmou que pessoas hipertensas e idosas são também mais vulneráveis aos efeitos adversos do café, já que o consumo pode aumentar a pressão sanguínea em indivíduos com pressão alta ou normal.

— O café pode aumentar a eliminação de cálcio na urina, podendo levar à perda óssea em pessoas com baixa ingestão de cálcio — expõe Peres. Ela ressaltou que indivíduos que fazem uso de certos medicamentos, como os antipsicóticos, devem prestar atenção ao consumo de café, pois a mistura também pode resultar em efeitos negativos.

Como consumir

O consumo do café não coado vem sendo associado ao aumento do colesterol sérico, por possuir substâncias capazes de aumentá-lo: cafestol e caveol. Wilza aconselha que o café seja preparado com coador de papel, pois existem evidências de que são capazes de reter a maior parte dessas substâncias. 

Uma xícara de café coado contém em média 100 mg de cafeína. Segundo Wilza, a dosagem recomendada para a ingestão de café é de 300 a 400 mg por dia de cafeína. “Essa forma de consumo vem apresentando efeitos benéficos em indivíduos saudáveis”, constata Peres. Ela lembrou que mulheres grávidas, lactantes ou que desejam engravidar devem limitar seu consumo de cafeína a 300 mg por dia.

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