• Edição 162
  • 05 de março de 2009

Saúde e Prevenção

Estar sempre cansado pode ser sinal de doença

Igor Costa

Com o acúmulo de funções no dia-a-dia, é comum sentir-se cansado. Mas quando é que a sensação de cansaço deixa de ser uma conseqüência física das atividades diárias e passa a ser uma patologia? Acordar cansado após uma noite de sono, ter dores de garganta recorrentes e dores musculares excessivas depois de atividades físicas são sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica (SFC).

A SFC é uma doença que se apresenta como um cansaço que não passa, mesmo após um período de repouso, acompanhado de necessidade de se deitar após exercícios físicos e falta de motivação para as tarefas diárias. Além disso, outros fatores a diferenciam do simples cansaço, como cefaléia (dores de cabeça), dores nos músculos e nas articulações, mal-estar após exercício físico, sono não restaurador, perda de memória.

Muito se especula sobre as causas da síndrome. Segundo o ginecolosita Décio Alves, do HospitaL Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), “o estilo de vida moderno (corrido e competitivo) tem sido associado ao desenvolvimento deste quadro”. Assim, qualquer pessoa que passe por situações de estresse pode ser considerada parte do grupo de risco da doença, inclusive “mulheres que estão no mercado de trabalho e as crianças que não têm bom ambiente familiar”.

Por enquanto não foi encontrada uma causa definitiva, mas estudos realizados desde 1990 relacionam a síndrome com algumas infecções crônicas como herpes e candidíase e com estados emocionais.

Não há um exame que possa identificar a síndrome. Para que ela seja diagnosticada é preciso que o médico exclua outras doenças como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), tuberculose, intoxicações, doenças renais e diversos tipos de câncer. Segundo Décio, uma avaliação ortopédica também se faz necessária devido ao quadro doloroso, que pode estar associado a doenças de coluna. Após descartar essas doenças com base em diversos exames, o médico pode iniciar o tratamento.

A Síndrome da Fadiga Crônica não tem cura definitiva. O que se pode fazer é controlar os sintomas. O uso de medicamentos específicos é indicado para casos de dores, depressão e insônia. No mais, uma mudança de hábitos, como a inclusão de alimentos naturais na alimentação, reserva de horas para descanso e exercícios e organização das horas de trabalho, pode colaborar no tratamento dos sintomas,assim como o acompanhamento de um terapeuta.

A utilização de tratamentos alternativos também é indicada, principalmente em pacientes da terceira idade, por conta da ação mais suave. A acupuntura é indicada em casos dolorosos, já a terapia ortomolecular é muito indicada por conta de sua ação contra os radicais livres e para que haja a “melhora na função neurológica, atacando os sintomas emocionais”, acrescenta o especialista.

Apesar de não ter cura, há como evitar a Síndrome da Fadiga Crônica. “Manter bons hábitos de vida, exercícios, evitando estimulantes como café, álcool e cigarro, manter uma vida profissional produtiva e a vida familiar e emocional estáveis serão sempre os melhores remédios, evitando desencadear a síndrome”, aconselha Décio.