• Edição 157
  • 18 de dezembro de 2008

Saúde e Prevenção

Dioxina: um risco à saúde

Beatriz da Cruz

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula como limite máximo tolerável para ingestão de dioxina, 4 picogramas/Kg. Entretanto, recentemente, vários países da União Européia (UE) bloquearam as importações de carne de porco vindas da Irlanda devido à contaminação pela substância em níveis até 200 vezes acima do permitido. A dioxina é uma substância química formada por cloro, oxigênio, carbono e hidrogênio. Não ocorre na natureza. É um lixo formado por processos industriais e, uma vez produzido, leva muitos anos para se degradar. Dos 200 tipos existentes desse composto 17 são tóxicos.

Assim como aconteceu, em 1999, com a carne de frango da Bélgica e, no início deste ano, com a mussarela de búfala da Itália, a contaminação da carne suína ocorreu através da ração. As indústrias ao liberarem dioxina no ambiente, atingiram rios e peixes. Estes, ao virarem farinha para a fabricação de ração ou óleo usado no maquinário que a produz, provocaram a infecção dos animais.

De acordo com Karen Signori Pereira, professora do curso de Engenharia de Alimentos da Escola de Química da UFRJ, a ingestão da substância, por curto período, geralmente não provoca efeitos agudos. “Em casos muito raros quando essa ingestão é muito alta ocorre uma espécie de erupção cutânea bastante forte, a cloracne, que é bem severa e provoca vermelhidão”, explica a professora. O grande problema está no consumo diário, que acontece involuntariamente, ou em grandes quantidades e a longo prazo, que vem sendo associado ao surgimento de tumores, principalmente o câncer de fígado, já que a substância não é eliminada pelo organismo e o câncer de mama no caso das mulheres.

A toxicidade do composto é bastante conhecida, já que foi um dos componentes do chamado agente laranja, utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Porém, de acordo com a professora, a associação câncer-dioxina é mais recente. As mulheres grávidas têm ainda um motivo a mais para se preocupar. “Alguns autores e algumas literaturas também sugerem o chamado efeito teratogênico, ou seja, que a presença dessa substância em mulheres durante a gravidez pode vir a ocasionar má-formação do feto caso a mãe tenha uma elevada concentração do composto no organismo”, alerta Karen.

Para evitar que o porco consuma alimentos de má qualidade deve-se evitar a contaminação ambiental, escolhendo bem o local onde serão implantadas as indústrias de forma a evitar lugares populosos, com presença de gado e onde possa haver contaminação pelo ar ou solo.

Outra medida preventiva possível é a não ingestão de gorduras. “A dioxina tem uma afinidade muito grande pelo tecido adiposo, por lipídios. Deve-se, então, evitar  o consumo de gorduras, atitude já preconizada por nutricionistas para se ter uma alimentação saudável”, recomenda a especialista.