• Edição 157
  • 18 de dezembro de 2008

Argumento

UFRJ ganha centro especializado em Biologia Estrutural e Bioimagem

 

Cília Monteiro

Cinco dos oito centros de excelência da UFRJ no programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) estarão, em breve, funcionando no Centro de Ciências da Saúde (CCS). O programa é destinado a mobilizar e agregar os melhores grupos de pesquisa de forma articulada. Em todo o Estado do Rio de Janeiro, 16 serão criados. Um deles, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (INCTBEB), será pioneiro para o estudo da estrutura de sistemas biológicos e terá a coordenação do professor titular do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) Jerson Lima Silva.

— É um resultado esperado, visto que a UFRJ tem o maior número de doutores e pesquisadores com classificação avançada no CNPq —, afirma Jerson Lima Silva.

O projeto conta com a criação e consolidação de uma infra-estrutura técnico-científica, além do uso das mais avançadas técnicas e de melhor resolução possível. O INCTBEB permitirá avaliar estruturas de sistemas biológicos, desde o nível macromolecular até o organismo inteiro. “Eu diria que a idéia começou quando organizamos o Centro Nacional de Ressonância Magnética Jiri Jonas (CNRMN), laboratório multiusuário. Ainda tivemos outro projeto, o Instituto Milênio de Biologia Estrutural em Biomedicina e Biotecnologia”, relata Jerson. De acordo com ele, o instituto já trabalhava com determinação de estrutura de macromoléculas por diversas técnicas, como ressonância magnética nuclear e raio X.

Evolução do projeto

— Começamos a pensar que além dos aparelhos de biologia estrutural, poderíamos chegar ao uso de equipamentos de microscopia ótica, com técnicas modernas de visualização do que está ocorrendo dentro de uma célula, como o microscópio multifotônico — aponta o professor. Já que imagens de células estavam sendo produzidas, buscou-se estender isso ao acompanhamento do que acontece dentro de um animal usando, principalmente, a ressonância magnética nuclear.

— Uma das vantagens é que nosso projeto já estava em curso. Estamos começando agora o INCT, mas já tínhamos essa iniciativa de integração no que antes denominávamos Centro Nacional de Bioimagem (CENABIO). Ocorreu a mudança do nome para uma adaptação ao edital — observa o coordenador. Segundo ele, a partir do conceito multidisciplinar do INCTBEB, criou-se um programa que inclui uma série de linhas de pesquisa em diversos segmentos, que englobam desde tentativas de entender mecanismos de doenças como Alzheimer, Parkinson ou câncer até o uso de terapia celular.

Está sendo construído no CCS um novo prédio que integrará o INCTBEB, com parte destinada ao manuseio dos animais empregados nas pesquisas, para que sejam mantidos nas condições apropriadas. “Existe o aspecto positivo de que um experimento que talvez envolvesse o sacrifício de dez animais possa ser substituído por outro que permita acompanhar o animal através dos equipamentos”, explica Jerson.

Pesquisa colaborativa

O INCTBEB é composto por um conjunto de laboratórios associados distribuídos por várias instituições do país, que contam com participação de pesquisadores líderes em diferentes áreas. Cada um dos laboratórios associados tem um coordenador ou pesquisador responsável. Ainda haverá um comitê gestor, com o qual serão feitas reuniões periódicas. “Acreditamos que é um sistema trabalhoso, mas que vai funcionar. A relação da junção dos diferentes laboratórios não é apenas aditiva, trata-se de uma colaboração multiplicativa e cinética, esse é o resultado que esperamos desta interação entre os vários grupos”, analisa o professor.

De acordo com Jerson, a organização em institutos é uma forma adequada para projetos colaborativos. “A idéia é que através dos Institutos Nacionais se tenha um reconhecimento de que os pesquisadores estão juntos dentro de uma pesquisa transversal, passando por diferentes áreas dentro da universidade, ou, como no meu caso, por várias universidades”, expõe. Ele acredita que a expectativa para o funcionamento dos INCTs é otimista, já que com a aplicação de recursos é possível priorizar determinadas áreas, como a de biocombustíveis, a qual considera extremamente importante.

O professor ainda destacou que os institutos proporcionarão a formação de recursos humanos. “Todos os INCTs estão associados às pós-graduações, que formam mestres e doutores, que por sua vez fazem concursos ou então vão para o mercado de trabalho. A idéia do INCT é que não fique encerrado em si só, ele precisa se articular, seja com empresas ou através de componentes de divulgação científica. O material gerado por estes centros deve ser disponibilizado”, conclui Jerson Lima Silva.