• Edição 152
  • 13 de novembro de 2008

Teses

Função da tireóide em ratos submetidos à restrição alimentar

Luana Freitas

A estudante Renata Lopes Araújo, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da UFRJ, defende amanhã, dia 14, sua tese de doutorado em fisiologia às 9 horas, na sala G1-022. O estudo, de título “Função tireóidea em ratos submetidos à restrição alimentar ou hiperleptinemia moderada”, foi orientado pela professora Denise Pires de Carvalho, também do IBCCF.

De acordo com a doutoranda, o processo regulatório de ingestão alimentar e da massa corporal envolve hormônios, neurotransmissores e peptídeos que são responsáveis por modular respostas tanto no sistema nervoso central quanto em tecidos periféricos. A leptina e os hormônios tireóideos participam desse complexo processo, desempenhando um papel importante na regulação do balanço energético. Durante a pesquisa, Renata avaliou os efeitos da leptina sobre a função tireóidea de ratos submetidos à restrição alimentar de 40% (grupos R e RL) ou alimentados à vontade quando não se encontravam em situação experimental (grupos C e L).

Após um período de 25 dias, a estudante observou redução nas concentrações séricas de leptina, TSH, T3 e T4, e aumento na taxa de corticosterona nos animais sob restrição alimentar. A reposição de leptina, por sua vez, nos últimos dez dias de restrição, além de restaurar a leptinemia, reverteu a queda do TSH sem modificar o T4 e a corticosterona. No entanto, o processo causou aumento no T3, mesmo que não tenha restaurado o hormônio aos níveis séricos do controle.

Nos animais do grupo L, a hiperleptinemia causou redução no T4 e T3, sem modificar o TSH, a corticosterona e a D1 hepática e renal – embora tenha elevado os níveis de D2 TAM. A atividade da D1, diminuída com a restrição dos alimentos, foi restaurada no fígado e nos rins pela reposição de leptina, o que não aconteceu na tireóide. Além disso, após a reposição do hormônio, a D2 aumentada no hipotálamo e reduzida no TAM foi restabelecida, enquanto a D2 hipofisária, inalterada durante a restrição, sofreu uma queda. A leptina, entretanto, não foi capaz de reverter a diminuição da atividade da TPO.

Dessa forma, os resultados obtidos mostram que a leptina interfere diretamente sobre os tireócitos, inibindo o NIS e sobrepondo-se ao efeito estimulatório do TSH. Além de participar na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, o hormônio exerce efeito periférico direto sobre a glândula tireóide e a atividade das desiodases em diversos tecidos do organismo. Contudo, Renata ressalta que mais estudos ainda são necessários para compreender melhor a via de sinalização modulada pela leptina no tireócito.