• Edição 151
  • 06 de novembro de 2008

Por uma boa causa

Cada lixo na sua lixeira

Marcello Henrique Corrêa

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, 13 mil toneladas de lixo são coletadas todos os dias. Considerando todo o Brasil, esse número sobe para 230 mil, de acordo com dados de 2000, da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE. Apesar de produzir tamanha quantidade de resíduos, saber o que fazer com eles ainda é desafio para brasileiros, de acordo com especialistas em Ecologia. A partir das próximas edições, o Olhar Vital ouve a opinião de quem trabalha com o assunto para saber o que fazer com cada tipo de lixo e como escolher os locais certos para descartar o material, sem agredir a natureza.

É preciso conscientizar a população dos impactos que seus atos podem causar ao meio ambiente. É o que defende o biólogo Albert Suhett, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ. “O lixo é um dos problemas ambientais mais sérios, talvez até mais sério do que o esgoto, por exemplo. Já está na mente do brasileiro a idéia de que o esgoto não pode ser jogado na água, porque polui. Com relação ao lixo, parece que as pessoas ainda pensam que o problema termina quando o caminhão de lixo recolhe tudo”, diz o pesquisador.

De acordo com Albert, é preciso ir além da preocupação de onde  jogar o papel. Ele lembra que esse não é um problema exclusivo do Brasil: é preciso dar mais atenção para o destino do lixo após a coleta. “Sem essa reflexão, a própria coleta seletiva acaba não sendo aplicada efetivamente”, comenta.

Antes de pensar nos grandes problemas do sistema de saneamento, no entanto, é preciso promover uma ampla mudança de hábito, de acordo com a opinião do biólogo. Segundo o doutorando, alcançar o ideal dos três R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) depende de uma série de fatores, que alterem os hábitos de consumo da população.
— Podemos, sim, mudar nossos hábitos. Poderíamos, por exemplo, reduzir a quantidade de plástico que usamos e nem paramos para pensar. Do ponto de vista da reutilização, dentro de casa mesmo podemos encontrar materiais que podem ser reaproveitados —, sugere Albert. O terceiro ‘R’, a reciclagem, depende muito da coleta seletiva, de acordo com o doutorando, já que sem esse tipo de cuidado, não há como realizar o processo.

De acordo com o biólogo, ampliar a consciência das pessoas sobre as conseqüências do descarte irregular e outras atitudes é uma tarefa fundamental, compromisso de todos os que trabalham com meio ambiente, independente da área em que atuem. Albert, que trabalhou com crianças no projeto ECOlagoas, em Macaé, vê nesse público uma oportunidade de construir uma nova consciência para o futuro. “A criança incorpora tudo de maneira muito rápida e leva o que aprendeu para casa. É interessante perceber que eles acabam influenciando, de forma muito espontânea, os adultos da família”, relata.

Destaques da série

Ao longo da série de reportagens, o leitor confere a análise sobre o que fazer com os principais tipos de lixo. O lixo eletrônico é um dos destaques. De acordo com Albert, resíduos desse tipo, descartados sem um cuidado especial, representam grave perigo, pois os líquidos provenientes de pilhas e baterias, por exemplo, podem contaminar lençóis freáticos e poluir a água, deixando de ser um problema localizado para tomar grandes proporções. Saiba mais a partir do próximo Por uma boa causa.