• Edição 149
  • 23 de outubro de 2008

Teses

Acúmulo de bioatividades em planta da Região Amazônica

Cília Monteiro

Viviane dos Santos Gesteira, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), no dia 31 de outubro, defende sua dissertação de mestrado “Avaliação do Acúmulo e Bioatividades de Amidas em Spilanthes oleracea Jacq. in vitro sob Efeito de Regulador de Crescimento (BAP), Eliciadores e em Co-cultura com Polygala paniculata L.”. A defesa ocorre às 14 horas, na sala K2-30, bloco K do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Alice Sato e Naomi Simas são responsáveis pela orientação.

De acordo com a mestranda, Spilanthes oleracea Jacq. é uma planta da Região Amazônica, que apresenta usos na culinária e na medicina popular. Produz diversas alcamidas a partir de seu metabolismo especial, dentre elas o spilantol. O trabalho de Viviane teve como objetivo avaliar a indução em cultivo in vitro da produção de spilantol e da bioatividade dos extratos in vitro e ex vitro.

No processo foram utilizados tratamentos variados, com base na técnica de micropropagação: cultivo sob efeito da presença e ausência de agar, sob o efeito de BAP, além de interação com eliciadores e em co-cultivo com Polygala paniculata L. Avaliou-se a atividade alelopática sobre a germinação e desenvolvimento inicial de plântulas de alface (Lactuca sativa) e sua toxicologia aguda em camundongos swiss.

Segundo Viviane Gesteira, a melhor taxa de multiplicação foi obtida em meio MS líquido acrescido de 2,22µM BAP. A co-cultura estimulou alongamento de plantas de S. oleracea.  A maior produção de spilantol foi obtida a partir da parte aérea de plantas cultivadas em meio líquido até 90 dias: 58,5%. Os extratos de caule, folha e raiz deste tratamento apresentaram perfis químicos em CLAE semelhantes entre si no que diz respeito aos constituintes majoritários em comum.

O trabalho da mestranda descreve o primeiro relato da produção de spilantol por calos. A avaliação da taxa de inibição da germinação mostrou que os extratos (a 1.000 ppm) de plantas cultivadas in vitro (30 e 90 dias) e plantas aclimatizadas apresentaram inibição significativa, de 80%, em relação ao controle de DMSO (0,1%).

O crescimento do hipocótilo foi inibido em 70% pelo extrato de folhas aclimatizadas a 1.000 ppm. O crescimento da raiz foi inibido significativamente pelos extratos de plantas in vitro (30 dias) e plantas aclimatizadas. O extrato de folhas de plantas de campo não apresentou toxicologia aguda em camundongos swiss a 3.000 mg/Kg.

Dentre as conclusões, a cultura in vitro de S. oleracea foi eficiente para a produção de mudas e extratos contendo spilantol. Além de mudas que, ao serem aclimatizadas, apresentaram efeitos alelopáticos, significativos em relação à de campo, L. sativa.