• Edição 148
  • 16 de outubro de 2008

Notícias da Semana

Dia Mundial da Alimentação

Miriam Paço - AgN/CT

Em comemoração ao dia Mundial da Alimentação, o Centro de Tecnologia (CT) reuniu no dia 16 de outubro, representantes das principais empresas diretamente relacionadas à questão de alimentos. Durante esse dia, que neste ano traz como tema “O alimento do futuro”, costumam ser realizadas diversas atividades com o objetivo de promover a conscientização das pessoas para a fome e a desnutrição que afetam países do mundo todo.

A mesa de abertura reuniu Cheila Gonçalves Mothé, professora da Escola de Química e presidente da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA/RJ), Marcos Lopes Dias, vice-diretor do Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano e Walter Suemitsu, decano do CT, que enalteceu a importância do dia e da comemoração: “Esse evento é de grande importância para todos. A tecnologia tem ajudado muito a aumentar a produtividade e a encontrar novos alimentos e essa é uma questão que vem sendo discutida mundialmente”, declarou.

A professora Cheila Mothé aproveitou a cerimônia para chamar a atenção dos estudantes, maioria do público presente, para a necessidade de se fazer algo que vise o combate à fome. “Hoje é o dia de nos conscientizarmos quanto ao não desperdício e o que podemos fazer para ajudar. A esperança do país e da humanidade está nos jovens, vamos fazer alguma coisa pela fome no planeta”, incentivou.

A primeira palestra do evento, intitulada “Alimentos x Biocombustíveis”, foi proferida por Carlos Wanderlei Piler de Carvalho, representando a chefia geral da Embrapa Agroindústria de Alimentos, e apresentou dados estatísticos a respeito da produção nacional de soja, açúcar, carne, entre outros.

A Embrapa Agroindústria de Alimentos é uma empresa que atua na viabilização de soluções tecnológicas para alcançar a sustentabilidade, atendendo às expectativas dos consumidores por qualidade e segurança. Segundo informou o palestrante, a Embrapa hoje está envolvida em diversos desafios nacionais, dos quais destacam-se a agroenergia alternativa, florestas energéticas, produção sustentável da cana-de-açúcar para fins energéticos, tecnologias de obtenção de biodiesel e o zoneamento de riscos climáticos para a agricultura familiar, que para ele, deveria ser mais beneficiada pois responde por cerca de 60% da produção de alimentos hoje.

Carlos de Carvalho apresentou ainda algumas perspectivas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para os anos entre 2007 e 2016. A previsão é de que a produção de etanol de milho dos EUA dobre até 2016 e no Brasil cresça substancialmente. Além disso, conforme foi apresentado durante a palestra, o comércio internacional medido em importações globais deverá crescer para todas as principais commodities, assim como o de carne, porco e leite, cujos aumentos podem chegar a 50%, o que pode representar um ponto positivo para o Brasil, cuja exportação se concentra em açúcar, oleaginosas e carnes.

Ao final da palestra, Carlos Wanderley Piler de Carvalho falou sobre a produtividade brasileira nos últimos anos: “É importante destacarmos que a produção brasileira aumentou a produtividade sem necessariamente aumentar a área de cultivo. E mais, não devemos falar em alimentos versus biocombustíveis, mas em alimentos e biocombustíveis, trabalhando juntos. O Brasil tem condições para isso”, concluiu.

Quebrando mitos sobre o cérebro

Raquel Oliveira

Que o cérebro humano é uma máquina fantástica ninguém duvida; mas será que os dados que temos hoje sobre um dos principais órgãos do corpo humano são comprovados na prática? Roberto Lent, médico graduado pela UFRJ e especialista em Neurobiologia, viu-se às voltas com esse questionamento logo após lançar o livro Cem bilhões de neurônios. Uma colega pesquisadora que acabara de terminar o pós-doutorado no exterior perguntou a ele acerca da exatidão dos números concernentes ao cérebro e Lent resolveu pesquisar a base empírica dessas informações.

Nesta quinta-feira (16/10), ele proferiu uma palestra na UFRJ sobre o tema “Quantos neurônios nós temos? Quebrando dogmas em neurociência quantitativa”. De fato, a cifra constava nos principais livros de neurociência do mundo, inclusive nas revistas científicas. “Eu não estava sozinho. Senti-me um pouco tranqüilo; mas, olhando de perto a literatura científica não existe evidência experimental de que nós realmente temos 100 bilhões de neurônios”, informou o pesquisador.

Assustado com a possibilidade de ter cometido um erro ao intitular sua obra, Lent, em conjunto com outros estudiosos, resolveu atacar a base do problema: a composição absoluta celular do cérebro de várias espécies, inclusive a humana.

Finda a explicação sobre o surgimento da pergunta-tema da palestra, foi lançada outra: como o cérebro cresceu ao longo da evolução e quais são os componentes responsáveis por esse crescimento volumétrico?

– Várias hipóteses podem ser levantadas quanto a isso –, esclareceu Lent. O cérebro pode se tornar maior devido ao aumento do número de neurônios e celulas gliais – cuja função é sustentar os neurônios e auxiliar seu funcionamento; ao crescimento da dimensão dos neurônios e das células gliais; ao crescimento do espaço extracelular e, finalmente, ao avantajamento da rede vascular que irriga o cérebro.

A questão, portanto, é de escala. Para início de conversa, era necessário um corpus de cérebros de diferentes espécies e tamanhos. Começou-se pelos roedores. Do rato à capivara, os dogmas tradicionais sobre ordem crescente do volume cerebral de acordo com a posição da espécie na escala evolutiva foram confirmados. A variação no grupo dos primatas, ao qual pertencem os seres humanos, foi ainda maior que a encontrada entre os roedores. Além disso, era igualmente imprescindível a análise de cérebros humanos de diferentes idades.

O fundamental, contudo, era a obtenção de um método confiável que possibilitasse a estimativa do número e tamanho das células do órgão em questão. Mais: o método deveria ser flexível o suficiente para ser aplicado em qualquer espécie. A solução foi o procedimento já existente que consistia no fracionamento de partes da massa craniana. Separa-se o cérebro em áreas de interesse e, individualmente, tritura-se essas partes. Os únicos sobreviventes são os núcleos celulares e, para identificá-los, deve-se adicionar proteínas específicas que colorem os núcleos desejados. Logos após, calcula-se o número de neurônios por unidade de volume. A vantagem desse método é a precisão. No antigo – que era basicamente a simples multiplicação da densidade e do volume cerebral – a margem de erro era deveras grande, segundo Lent.

As revelações trazidas por essa nova metodologia são preciosas. Evidenciam que massa, definitivamente, não é documento. O fracionamento provou, por exemplo, que a região do cérebro humano que concentra o maior número de neurônios, ao contrário do que se pensava, é o cerebelo – que permanente invariante em termos de massa nas diferentes espécies. Do mesmo modo, comprovou-se que as regras de escala para o cérebro dos roedores e o dos primatas é diferente.

E os 100 bilhões de neurônios? Eles realmente existem? Quase. Em suas análises, Roberto Lent utilizou apenas cérebros de humanos cujas idades variavam entre 50 e 70 anos. Nesse espaço amostral, o número de neurônios contabilizados foi inferior a 100 bilhões; todavia, o pesquisador admitiu que a idade pode interferir no número de células cerebrais, logo, é mister muito mais pesquisa antes de afirmar qualquer coisa categoricamente, tanto em relação à quantidade exata de células neuronais quanto em relação aos demais dados que contradizem os consolidados dogmas da neurociência.


Hospital do Fundão inaugura modernos equipamentos

Sidney Coutinho

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) inaugurou, nessa quarta-feira (15/10), novas salas com aparelhos de radiologia de alta tecnologia. São dois novos equipamentos que, além de dispensarem o uso de radiação, permitem informações mais precisas para diagnósticos de doenças crônicas do fígado, tórax, abdome e músculos do esqueleto.

A chefe do serviço de Ultra-sonografia, Célia Resende, acredita que a melhoria na qualidade dos exames é um dos principais benefícios trazidos com os novos equipamentos. “Poderão ser feitas biópsias guiadas em casos de câncer na próstata, mama ou tireóide. Mas também contaremos com uma nova tecnologia para auxiliar em pesquisas avançadas”, disse.

De acordo com o chefe do Serviço de Radiologia, Paulo Bahia, a expectativa é de que os novos equipamentos ampliem a capacidade de atendimento aos pacientes. “Hoje, há dois aparelhos em operação no hospital que realizam cerca de 500 exames por mês. Mas a demanda é imensa. Com os aparelhos que chegaram, temos potencial para dobrar os atendimentos”, prevê ele.

Os novos equipamentos podem ser usados por profissionais de diversas especialidades. “Eles têm softwares modernos que permitem avaliar melhor as estruturas que não eram bem individualizadas em equipamentos mais antigos. Os aparelhos podem, por exemplo, avaliar a espessura íntima das carótidas, ajudando no tratamento de pacientes com hipertensão arterial”, ressaltou Bahia.

O hospital investiu cerca de R$ 200 mil para aquisição de um dos aparelhos. O outro ultra-som foi adquirido pelo Serviço de Urologia do hospital por meio do Projeto OncoRio. O diretor do HUCFF, Alexandre Pinto Cardoso, ressaltou que a operação dos novos equipamentos aproxima o atendimento no serviço de radiologia do hospital com o que há de mais moderno em utilização no mercado. “Nosso esforço visa dar mais qualidade aos atendimentos para os pacientes, mas também alavancar as pesquisas, fornecendo equipamentos para melhorar na formação e atuação dos profissionais da área”, disse.


União entre campi marca Semana de Farmácia da UFRJ

Heryka Cilaberry

Em busca de uma maior integração entre os alunos do campus avançado de Macaé e da Cidade Universitária, teve início na última segunda-feira, dia 13, a “Semana de Farmácia da UFRJ”. O evento que se estende até amanhã, dia 17, destaca o papel do farmacêutico na sociedade contemporânea e define suas áreas de atuação no mercado de trabalho.

Já em sua 26ª edição, a semana é anualmente organizada a partir de iniciativas do Centro Acadêmico junto aos estudantes. Esse ano, em especial, traz uma novidade aos inscritos. “Pela primeira vez na história do evento, há a apresentação de trabalhos científicos, o que deve fornecer um pouco mais de informações aos participantes”, explica Vanessa Ribeiro, aluna da Faculdade e participante da comissão organizadora da Semana.

Orgulho de ser farmacêutico

Para compôr a mesa de abertura, importantes nomes da Universidade foram convocados, entre eles Carlos Rangel Rodriguez, diretor da Faculdade de Farmácia, Marcelo de Pádua, coordenador da graduação de Farmácia, Maria Isabel Sampaio, vice-coordenadora da graduação, Guacira Mattos, responsável pelo estágio supervisionado, Rodrigo Saar, chefe do serviço de Farmácia, Elisabete Pereira, coordenadora do programa “Farmácia Universitária” e Samantha Martins, professora da unidade de Macaé.

O diretor da Faculdade deu boas-vindas a todos os presentes e ressaltou a felicidade de ver o grande comparecimento de alunos no evento (cerca de 350 inscritos) principalmente daqueles vindos de fora da cidade do Rio de Janeiro. E ainda explicou a necessidade de aproximação entre os alunos da Cidade Universitária e os de Macaé.

Para Rangel, a Semana é uma importante ocasião para que sejam repensadas as áreas de atuação do farmacêutico no mercado e questionar o papel desse profissional na sociedade. “É preciso ter consciência do que é ser farmacêutico, qual a nossa identidade, onde nós estamos? Ter orgulho e lutar por essa profissão que, na UFRJ, nasceu em 1832”, explicou o diretor.

O profissional

De acordo com Marcelo de Pádua, coordenador da graduação, o evento é de vital importância para a formação acadêmica dos inscritos, principalmente por trazer testemunho de profissionais de diversas áreas para a Universidade, incluvive de alunos egressos.

– A semana traz a realidade, importante principalmente para o aluno que está entrando na faculdade, que ainda vai se acostumar com a idéia de ser farmacêutico. Acho fundamental eles poderem entrar em contato com profissionais, da área de indústria, alimento, análises clínicas, que vêm compartilhar essa vivência e até recrutar alunos para estágios e bolsas não só dentro da faculdade – elogia o coordenador.

A necessidade de relembrar o papel do farmacêutico se deve, segundo Pádua, à introdução do currículo novo que dá a formação generalista ao farmacêutico, que garante a ele sair apto para atuar em indústrias, análises de alimento e análises clínicas, mas sem limitá-los a essas áreas.