• Edição 145
  • 25 de setembro de 2008

Saúde e Prevenção

Entenda as causas da dor nas pernas



Marcello Henrique Corrêa

Dor nas pernas é um dos sintomas mais comuns e queixa diariamente ouvida nos consultórios médicos. Entretanto, esse incômodo pode ter uma série de causas, cada uma pode apontar para os mais variados casos clínicos. Em Saúde e prevenção dessa semana, o Olhar Vital apresenta alguns desses fatores e ensina como fazer para evitá-los.

A idade é um dos determinantes para o aparecimento da dor. De acordo com Antônio Vitor Abreu, chefe do Serviço de Traumato-ortopedia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, é muito raro que adultos jovens e crianças tenham problema desse tipo. “A queixa costuma surgir a partir dos 50 anos, quando o organismo passa a sofrer os desgastes pelo tempo”, relata o médico.

Principais causas

Apesar da diversidade de causas, no campo da traumato-ortopedia, algumas delas se destaca. A artrose, por exemplo, é um dos problemas mais relacionados ao sintoma. “A artrose se desenvolve a partir de uma alteração prévia da articulação, que leva a um desgaste acelerado da cartilagem articular”, explica o professor. Associado a alterações anatômicas, esse desgaste acaba gerando a dor. “Quase sempre o joelho tem desvios. O joelho que é arqueado (genu varo) vai desenvolver artrose na parte interna. Um joelho muito para dentro (genu valgo), há a artrose no compartimento lateral”, completa Abreu.

Menos graves, as tendinites também podem resultar em dores nas pernas. Trata-se das tendinites periarticulares, que envolvem quadril, joelho, pé ou tornozelo. “Essas tendinites ocorrem pelo atrito desses tendões na área periarticular. O movimento de atrito, com o tempo, vai produzindo microtraumas, alterações na interface entre o osso e o tendão”, detalha o especialista.

Além desses, outros fatores podem estar indiretamente ligados à dor. É o que costuma ocorrer na claudicação intermitente, aquela dor que surge após algum tempo de caminhada. “Nesse caso, o paciente sente dor ao caminhar. Conforme a distância aumenta, a dor é tão intensa que o obriga a parar. Esse quadro pode estar relacionado à estenose do canal lombar, quando o canal lombar se estreita nas raízes, causando a dor nas pernas”, explica o professor.

É bom lembrar que a claudicação intermitente nem sempre é sinal de problema ortopédico. O problema pode ter sua origem em causas vasculares, quando a origem está na obstrução dos vasos por trombos, que impedem a circulação normal do sangue, gerando grandes edemas. De acordo com Abreu, é fácil diferenciar as causas; basta estar atento aos detalhes do sintoma. “A claudicação por doença vascular pára de doer assim que o paciente interrompe a caminhada. A claudicação de causa ortopédica também obriga o paciente a parar, mas demora algum tempo para passar. No exame médico, contudo, há diferenças mais claras e exatas que essas”, afirma o ortopedista.

Tratamento e prevenção

Como na maioria dos sintomas, a melhor forma de resolver é eliminar suas causas. No caso da artrose, muitas vezes essa solução só surge na sala de cirurgia. “Para artrose, quase sempre a solução é cirúrgica Entretanto, se o paciente não pode se submeter à cirurgia, medicamentos melhoram a qualidade de sua cartilagem articular. Não é uma coisa completamente aceita, mas há uma melhora razoável”, informa o professor, lembrando que para o caso das tendinites, a fisioterapia pode ser suficiente para acabar com as dores. “O tendão que se inflama precisa ser amaciado, o que pode ser conseguido por meio de exercícios de alongamento”, complementa.

De acordo com o médico, como o desvio no joelho é determinante no aparecimento da artrose, é bem provável que aqueles que têm esse tipo de alteração desenvolvam a doença. “O excesso de atividade física pode ser ruim quando o joelho tem problemas de alinhamento. Contudo, uma atividade moderada, ainda que competitiva, para pessoas com joelho e quadril normais, pode ser excelente para prevenir a artrose”, orienta Abreu.