• Edição 144
  • 18 de setembro de 2008

Microscópio

A ciência em prol da vida

Luana Freitas

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê a ocorrência de 466 mil novos casos da doença, em 2008. Essas estimativas são válidas também para o próximo ano no Brasil. Diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas na área com o objetivo de possibilitar novas formas de tratamento e reduzir o número de mortes por câncer. Inserido nesse contexto, o II Simpósio de Oncobiologia assinala mais uma iniciativa com o intuito de propiciar a troca de conhecimentos e trazer avanços para o setor. O evento acontece nos dias 23 e 24 de setembro, com abertura às 9h, no auditório Horta Barbosa do Centro de Tecnologia da UFRJ, reunindo pesquisadores do Programa de Oncobiologia do Rio de Janeiro.

 “Câncer” é empregado para designar a multiplicação desordenada de células do organismo humano que sofreram mutações em seu material genético. As células podem formar tumores e atingir ainda outras partes do corpo, num processo chamado metástase. Existem mais de 100 tipos diferentes da doença, que pode ter predisposição genética, ser causada por certos tipos de infecções virais e fatores como fumo, álcool e má-alimentação. Dentre as principais formas de tratamento, estão a radioterapia, a quimioterapia e a cirurgia para a retirada do tumor.

Helena Borges, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e responsável pela organização do Simpósio, revela que, entre todas as formas de câncer, as mais comuns afetam pulmão e intestino. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 1,3 milhão de pessoas no mundo morrem, a cada ano, por câncer de pulmão. A estimativa do INCA sobre câncer de intestino é de 27 mil casos no Brasil em 2008.

A pesquisadora chama atenção ainda para as barreiras enfrentadas pelo setor de pesquisa em câncer no país. "As dificuldades são muitas. Algumas são o orçamento limitado para a pesquisa e a dificuldade de aquisição de material humano oriundo de biópsias", observa Helena. No entanto, afirma que alguns passos importantes já foram dados nessa área. "Talvez uma boa referência, em relação aos avanços, seja um inibidor de tirosina kinase que melhorou muito o tratamento de certas leucemias. Além disso, a técnica de microscopia no animal vivo, como o microscópio ultra-sônico que está sendo desenvolvido na COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ), é um bom exemplo auxiliar ao diagnóstico precoce", ressalta a professora.

O Simpósio 

Helena Borges destaca a importância do Simpósio para a produção de conhecimento científico sobre o assunto. "O objetivo do Simpósio é proporcionar um encontro científico entre pesquisadores do Programa de Oncobiologia e contribuir para a formação de alunos de graduação e pós-graduação na área de câncer. Além disso, durante os simpósios temos a oportunidade de ouvir pesquisadores importantíssimos nessa área”, afirma.

Este ano, o evento conta com a participação da bióloga Janaina Fernandes, que apresentará seus estudos envolvendo o ácido pomólico, substância proveniente da planta Abaju usada no combate a vários tipos de tumores. Também estarão presentes o pesquisador Ricardo Brentani, diretor do Hospital Antônio Cândido Camargo – antigo Hospital do Câncer – e o professor Sergio Verjovski de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP). Brentani discutirá os avanços realizados na instituição que dirige. Já Verjovski fará uma exposição dos resultados alcançados em suas pesquisas sobre a expressão gênica em larga escala de RNAs não-codificantes em câncer.

O II Simpósio de Oncobiologia é promovido pelo Programa Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão na Biologia do Câncer. São dois dias de atividades que visam promover o intercâmbio entre as áreas de pesquisa. Tudo por um objetivo maior: entender e tratar o câncer, uma das principais causas de morte no mundo.

O Programa de Oncobiologia

O Programa Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão na Biologia do Câncer da UFRJ (Programa de Oncobiologia) é uma rede de pesquisa sobre a doença, no Rio de Janeiro. Reúne mais de 100 pesquisadores de instituições como UFRJ, INCA, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF), que desenvolvem estudos sobre os diversos tumores, os efeitos da contaminação ambiental e os mecanismos de ação de novos quimioterápicos. O programa é coordenado pelo cirurgião oncológico Marcos Moraes, ex-diretor do INCA e atual presidente da Academia Nacional de Medicina e da Fundação Ary Frauzino para a Pesquisa e Controle do Câncer (FAF).