• Edição 140
  • 21 de agosto de 2008

Microscópio

Troca de experiências marca Semana de Bioquímica na UFRJ

Marcello Henrique Corrêa

Integração. A palavra de ordem da Semana de Pós-Graduação de Bioquímica Médica. O evento, organizado por alunos da pós-graduação do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ (IBqM), é realizado na terceira semana de setembro, na Cidade Universitária. O ciclo de palestras acontece desde o ano passado, quando uma iniciativa dos pós-graduandos organizou a primeira Semana, com o objetivo de integrar cultural e cientificamente alunos das diversas unidades da própria UFRJ, além de representantes de outras instituições.

O evento deve abordar assuntos diversos, desde câncer até acessibilidade de deficientes ao ensino superior, um tema menos técnico, considerado pela comissão organizadora como um diferencial em relação aos outros encontros dessa natureza. Daniel Sanches, integrante da comissão organizadora, lembra que, apesar de ser organizada exclusivamente por alunos, a Semana não se trata de um projeto isolado, fruto de um empenho institucional do IBqM, com a parceria de outros diversos atores. Para Daniel, ainda é pequena a interação entre as unidades de pós-graduação do país, mas ele acredita que os frutos já devem começar a surgir nas próximas gerações de pós-graduandos. “Não se trata de uma idéia restrita a esse grupo. Tenho certeza que os próximos alunos de pós-graduação também estarão envolvidos em integrar os trabalhos dos laboratórios. A repercussão já começou a ser observada em outros encontros semelhantes, organizados depois do nosso”, comenta.

Dengue será um dos focos

Nesse ano, o empenho em divulgar e integrar os trabalhos dos grupos participantes começa por um dos assuntos que mais chamaram a atenção da população carioca no último verão. Os diferentes aspectos da dengue serão abordados na primeira mesa redonda da semana coordenada por Andréa Cheble de Oliveira, professora do IBqM. Além da professora, devem participar mais três professores da Fundação Oswaldo Cruz, complementando os aspectos mais voltados para a pesquisa básica, abordados por Cheble.

A conferência deve aprofundar aspectos do trabalho da bióloga. A pesquisa feita pelo grupo tenta entender a estabilidade do vírus. O estudo é focado no vírus causador da doença e em um dos processos mais importantes para a infecção, conhecida como fusão de membrana. O termo se refere ao trabalho do chamado peptídeo de fusão, responsável por essa etapa e faz com que o vírus consiga infectar a célula, de acordo com a explicação da professora. Segundo Cheble, trata-se de uma pesquisa básica, para entender como o processo funciona.

A professora lembra que também há um viés mais aplicado dentro do grupo de estudos. Ou seja, trabalhando paralelamente à pesquisa básica, há um esforço em alcançar a sonhada vacina contra a dengue, método considerado por especialistas uma das melhores maneiras de erradicar a doença, depois da eliminação do vetor. “Há a tentativa de inativar as partículas virais por alta pressão hidrostática, uma ferramenta usada no laboratório. A técnica consiste em usar a pressão para inativar os vírus e, a partir da partícula inativada, produzir uma vacina”, explica a professora, lembrando que o projeto faz parte de uma linha de pesquisa do professor Jerson Lima, também do IBqM.

O projeto da vacina é uma das parcerias entre a UFRJ e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos–Fiocruz). “Temos uma colaboração, há vários anos com alguns professores do Instituto. Eles tentam usar o método desenvolvido em nosso laboratório como uma das inúmeras tentativas para a produção de uma vacina contra a dengue”, conta Andréa. As outras linhas devem ser abordadas por Elena Caride, pesquisadora da Fiocruz, convidada para integrar a mesa com Andréa Cheble.

O evento

As inscrições antecipadas para o evento já estão encerradas, assim como o prazo para envio de trabalhos para a II Semana. Entretanto, quem quiser assistir às exposições pode se inscrever no dia do evento, no auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco, o Quinhentão, onde as atividades acontecem. Além das mesas redondas, o evento oferece mini-cursos, com aulas teóricas e práticas, voltadas para alunos de graduação e pós-graduação.

A II Semana de Pós-Graduação de Bioquímica Médica acontece dos dias 15 a 19 de setembro, com atividades previstas para o dia inteiro. A programação completa pode ser obtida no site do evento www.spgbioqmed.ufrj.br.