• Edição 140
  • 21 de agosto de 2008

Teses

Efeito da radiação ionizante no coração de ratos

Luana Freitas

No dia 28 de agosto, a doutoranda Samara Cristina Ferreira Machado, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da UFRJ, defende a tese "Efeito da radiação ionizante no coração de ratos Wistar", a partir das 10h 30, na sala G1-009. O estudo contou com a orientação do Professor Januário Bispo Cabral Neto, também do IBCCF, e a co-orientação do Professor Carlos Eduardo Veloso de Almeida, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

De acordo com a doutoranda, o número de ocorrências de câncer localizado na região torácica vem crescendo de forma significativa, especialmente o câncer de mama, cuja estimativa, para 2008 e 2009, é de 49.400 novos casos somente no Brasil. Nestas situações, uma das principais técnicas de tratamento, a radioterapia, pode causar sérias complicações cardíacas ao paciente, já que submete o local à radiação.

O estudo desenvolveu um modelo das alterações cardíacas observadas em ratos Wistar (Rattus novergicus) após serem expostos a diferentes doses radioativas.  Foram analisadas as expressões de ECA, AT1, procolágeno tipo I e TGF-b1, importantes alvos no processo de fibrose, além da expressão de procaspase 3, proteína envolvida no processo de apoptose.

Ratos machos Wistar foram irradiados com diferentes doses únicas (0, 5, 10 e 15Gy) no coração por meio de um acelerador linear com feixe de energia de 6MV e um campo ântero-posterior, 2x2cm2. Os animais foram submetidos à eutanásia com 2 e 15 dias e 4 e 13 meses depois de expostos à radiação.

Dentre os testes realizados, estão: ecocardiografia, para observar as alterações estruturais e funcionais do coração; Western blotting, para verificar o acúmulo de proteína procolágeno tipo I, TGF-b1 e procascase-3; PCR em tempo real, para detectar alterações no nível mRNA de procolágeno tipo I, TGF-b1, ECA e AT1; ensaios histológicos, para avaliar o aspecto do tecido cardíaco.

Os resultados apontaram aumento no nível de procolágeno tipo I, TGF-b1, ECA, AT1 e procaspase 3 no tecido cardíaco, diminuição do diâmetro do ventrículo esquerdo em sístole e aumento em diástole, redução da fração de ejeção e do débito cardíaco, degeneração do tecido e deposição de colágeno.

Os dados permitiram verificar, portanto, a existência de remodelamento cardíaco em todos os níveis analisados, isto é, molecular, histológico e funcional. Para Samara, compreender a evolução das complicações cardíacas decorrentes de técnicas radioterápicas é fundamental para que novas estratégias de tratamento sejam desenvolvidas de forma a reduzir os efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.


Regulação das respostas fisiológicas a estímulos estressores



Luana Freitas

Gabriela Guerra Leal de Souza, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da UFRJ, defende sua tese de doutorado, no próximo dia 28, às 14h, na sala G1-022. A tese, intitulada “Regulação das respostas fisiológicas a estímulos estressores: influência do contexto e da variabilidade individual”, teve a orientação da Professora Eliana Volchan, do IBCCF.

O estudo investigou se a ativação de sistemas emocionais através do estímulo visual poderia influenciar na reatividade a um determinante estressor, verificando ainda se existiria predisposição individual para que isso ocorresse.

No primeiro experimento, indivíduos, que tiveram seu período cardíaco monitorado durante toda a análise, proferiram um discurso após observarem uma seqüência de fotos agradáveis ou não. Antes do início do teste, os voluntários haviam preenchido questionários que permitiram avaliar suas predisposições naturais. De acordo com a doutoranda, modelos de regressão linear múltipla revelaram que participantes com maior pontuação na escala de resiliência ou com maior tônus vagal em repouso apresentaram progressivamente mais recuperação cardíaca do estresse.

Já o segundo experimento foi dividido em duas etapas. Na primeira, similar à experiência anterior, foram medidos o período cardíaco e a condutância da pele. Modelos de regressão linear múltipla mostraram que voluntários com maior pontuação na escala de apoio social ou com maior tônus vagal em repouso manifestaram progressivamente mais reatividade cardíaca ao estresse e recuperação do mesmo. Maior pontuação na escala de resiliência produziu maior reatividade dermocutânea ao estresse.

Na segunda etapa, foram apresentados dois estímulos acústicos intensos com 10 minutos de intervalo, sendo avaliadas a condutância da pele, a resposta cardíaca de defesa e a magnitude do piscar dos olhos. Análises de variância revelaram que participantes com menor tônus vagal em repouso não apresentaram as alterações esperadas na resposta cardíaca aos dois ruídos. Participantes com menor afeto positivo que viram fotos desagradáveis manifestaram maior reatividade dermocutânea ao segundo estímulo do que os com maior afeto positivo. Voluntários com maior tônus vagal em repouso reagiram menos ao segundo estímulo quando pré-ativados com fotos agradáveis em comparação às desagradáveis. Além disso, indivíduos com maior pontuação na escala de apoio social tiveram atenuação do piscar dos olhos ao segundo estímulo quando pré-ativados com imagens agradáveis e uma tendência à potenciação quando pré-ativados com figuras desagradáveis.

Os resultados permitiram concluir que o contexto emocional e a predisposição individual positivos produzem respostas fisiológicas mais adaptativas tanto a um estressor sensorial aversivo quanto a um estressor psicossocial agudo.