• Edição 137
  • 31 de julho de 2008

Saúde e Prevenção

Rubéola deve ser erradicada até 2010

Marcello Henrique Corrêa

Desde que o médico inglês Edward Jenner criou, em 1796, o que ficou registrado na História como a primeira vacina (contra varíola), é consenso entre a comunidade científica de que não há método melhor de se erradicar uma doença. É também o que pensa o Governo do Estado do Rio de Janeiro, que está se preparando para uma nova campanha contra a rubéola. A meta é eliminar a doença até 2010 e para isso, a partir de 9 de agosto e durante todo o mês, espera-se que cerca de 7 milhões de pessoas sejam vacinadas.

Dentro da UFRJ, o Centro de Vacinação de Adultos da Divisão de Saúde do Trabalhador (CVA-DVST) será o setor responsável por ajudar o Ministério da Saúde nessa tarefa. O serviço, que já é conhecido pelas campanhas anuais contra a gripe, atua dentro da DVST e surgiu a partir da necessidade de um cuidado maior com a saúde de trabalhadores da Universidade e alunos residentes do Alojamento Universitário.

O Centro de Vacinação de Adultos

Quem conta a história é Maira Fontanelli, coordenadora do CVA, que lembra que havia problemas em relação ao sistema de vacinação DVST que precisavam ser observados com mais atenção. “Nessa época, trabalhava na parte de triagem e ficava inconformada, tentando criar uma conscientização. Tentei por várias administrações iniciar isso, até que consegui aprovar o projeto na gestão anterior, e tudo foi iniciado”, lembra a enfermeira.

Apesar de ter sido projetado para atender aos servidores da UFRJ e os alunos alojados, com o tempo, a demanda começou a crescer e, hoje, o CVA já atende toda a população circulante na ilha da Cidade Universitária, funcionários ou não. “O movimento começou a aumentar quando fomos credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde e a Vigilância Sanitária. Isso foi crescendo em proporções geométricas; jamais esperávamos chegar onde chegamos”, comenta Maira.

Entretanto, segundo ela, o Centro está no limite de operação e hoje enfrenta alguns problemas operacionais. “Os recursos humanos estão ficando escassos e, além disso, o espaço físico está muito limitado. Precisamos de uma área maior, mais adequada à estrutura”, reivindica a coordenadora, lembrando que, apesar da grande procura, o número de vacinas atende à demanda e não entra na lista dos problemas enfrentados pela equipe.

— O problema mesmo é interno. Precisamos, por exemplo, de um setor informatizado. Nosso banco de dados é todo feito à mão e isso está alcançando uma situação caótica — declara a enfermeira. De acordo com Maira, uma reunião entre o CVA e a Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), responsável pelo Centro, deve acontecer ainda essa semana para propor possíveis soluções para esses entraves.

Importância da vacinação

Problemas à parte, o CVA no momento se prepara para participar da campanha contra a rubéola realizada pelo Estado. O plano de vacinar 7,5 milhões de pessoas no Rio de Janeiro faz parte de uma iniciativa maior do Ministério da Saúde, que prevê a vacinação de mais de 60 milhões em todo o país. “Para que isso ocorra, é importante que haja uma conscientização por parte de todos”, comenta Maira Fontanelli. Ela lembra que, apesar das conseqüências mais graves ocorrerem em gestantes, com a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), que pode levar ao aborto ou má-formação do feto, é importante que os homens também se vacinem.

— A campanha de 2001 visou muito a mulher em idade fértil. Contudo, foi percebido que o vírus começou a circular nos homens. Agora, cerca de 70% dos acontecimentos de rubéola que têm sido comunicados acontecem em homens. O risco é de que o homem transmita a doença para a mulher não imunizada — alerta Fontanelli.

A imunização contra rubéola pode ocorrer em duas ocasiões: pela contração da doença ou pela vacinação. De acordo com Maira, mesmo quem passou por uma dessas situações deve se vacinar nessa campanha. “A maioria das pessoas que acham que já tiveram alguma doença não costuma fazer a sorologia adequada, para confirmar. É comum achar que se contraiu rubéola baseando-se nos sinais e sintomas, como as pintas vermelhas pelo corpo e febre, mas existe uma série de doenças que provocam esses sintomas”, esclarece.

No caso da vacinação, uma série de eventos pode impedir que o processo seja efetivo, tais como má conservação da substância, transporte inadequado, entre outros. “A vacina, quando aplicada, não garante 100% de chance de imunização. Existe uma diferença entre vacinação e imunização: na vacinação, o antígeno é introduzido para que o organismo produza o anticorpo; a imunização só ocorre quando esse processo dá certo”, explica Maira, lembrando que não são previstos efeitos colaterais para quem se vacinar novamente.

A campanha

Durante essa campanha, as vacinas utilizadas serão a tríplice viral (rubéola, sarampo e caxumba) para pessoas entre 12 e 19 anos e dupla viral (rubéola e sarampo) para quem tiver entre 20 e 39 anos. De acordo com Maira Fontanelli, apesar do cuidado em evitar eventos adversos, há contra-indicações. Basicamente, estas se referem a gestantes, pessoas portadoras de imunodeficiência grave ou que estejam fazendo uso de imunosupressores.

No ano passado, o CVA recebeu cerca de 3.500 pessoas. Esse ano, como o trabalho de divulgação foi maior, a coordenadora acredita que um número maior de pessoas procure o serviço. Entretanto, em vez dos 15 dias da campanha do ano passado, o trabalho deve se estender por mais de um mês, distribuindo mais o número total de atendimentos. Além disso, a enfermeira lembra que os que não puderem comparecer durante a campanha podem procurar sempre o serviço de vacinação do CVA que é disponibilizado durante o ano inteiro.

O Centro de Vacinação funciona nas instalações da DVST, na ilha da Cidade Universitária, no campus do Fundão, próximo à reitoria da UFRJ, na rua 7, s/nº. Mais informações sobre o serviço podem ser obtidas pelos telefones 3867-6543 e 3867-6693, ramal 24, no horário comercial.