• Edição 135
  • 17 de julho de 2008

Microscópio

Fundamentos da eletroencefalografia em livro

Cinthia Pascueto - AgN/PV

A medicina conta com as mais variadas técnicas e equipamentos no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Além disso, novas tecnologias surgem a cada dia para aprimorar os estudos e elevar nossa qualidade de vida.  Entre essas facilidades na área da saúde está a eletroencefalografia, que é o estudo das ondas elétricas produzidas no encéfalo, captadas a partir de eletrodos que transformam os pulsos em registros gráficos. Esse é o tema do livro Eletroencefalografia: fundamentos – a ser lançado amanhã, dia 18 de julho, às 13h, no Anfiteatro do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), no campus da Praia Vermelha.

A obra é voltada para alunos da graduação e foi organizada por Marleide da Motta Gomes, professora associada da Faculdade de Medicina da UFRJ e mestra em epidemiologia clínica, e Hélio Bello, especialista em eletroencefalografia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica, reúne diversas considerações sobre o assunto em 14 capítulos, que contam com a participação de especialistas do Rio de Janeiro e em especial da UFRJ: são neurologistas, psiquiatras, encefalografistas e engenheiros, que discorrem sobre a neurofisiologia, a semiologia, o funcionamento e instrumentação dessa técnica entre outras abordagens.

Marleide Gomes destaca a expressiva participação da comunidade acadêmica da UFRJ – Instituto de Psiquiatria (IPUB), Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) – além de outras instituições, como um ponto forte do livro, produzido de forma independente da Universidade:

– Isso é essencial dentro de uma universidade: poder compartilhar o saber em prol de uma técnica. Nenhuma técnica pode ser bem compreendida em toda sua extensão por uma única pessoa. Por exemplo, um médico, individualmente, não vai conseguir sozinho captar todo o funcionamento do eletroencefalograma. Essa interação dentro da universidade pode ser feita e expressa em um livro como esse –, comemora a especialista, lembrando que a obra prima pelo esclarecimento de fundamentos técnicos e instrumentais, com uma abrangência bastante extensa, com o intuito de ser material de apoio para estudantes da área da saúde, da engenharia e para interessados no assunto, mesmo que não sejam desses campos de estudo.

A eletroencefalografia

Desenvolvida na década de 20, pelo psiquiatra alemão Hans Berger. A técnica, a princípio, era utilizada em grande parte dos exames cerebrais, restringindo-se atualmente ao uso em diagnósticos de epilepsia e em unidades de tratamento intensivo (UTIs). “Surgiram outros recursos, como as técnicas de neuroimagem – ressonância magnética nuclear e tomografia computadorizada, por exemplo. A eletroencefalografia, no entanto, apresenta vantagens por ser um exame relativamente barato e de fácil realização”, afirma Marleide Gomes.

A neurologista destaca, porém, que a análise do exame deve ser feita com muito cuidado, visto que apresenta variações de acordo com as características do paciente. “De acordo com a idade ou com o local da captação, o resultado pode diferir: criança, adulto ou idoso, captação frontal ou posterior, lado esquerdo ou direito. Essas diferenças são normais e precisamos conhecer cada uma delas. Não se pode receitar medicamento por variações dentro da normalidade”, destaca a especialista, lembrando que existem também alterações compatíveis com cada doença.

O Instituto de Neurologia da UFRJ dispõe de um programa de tratamento para a epilepsia, doença cujo principal equipamento de diagnóstico é o eletroencefalograma, contando para isso com um setor de análise dos sinais elétricos, como explica a médica: “Trata-se de uma análise visual ou matemática, que é o processamento do sinal digitalizado”, resume Marleide, que conclui: “há a necessidade de conhecer as diretrizes para uma adequada execução e interpretação do exame, suas limitações e seu valor, além do potencial que ainda não foi completamente desenvolvido, em especial na área do processamento de sinais biológicos. Um pouco desse esclarecimento foi desenvolvido em Eletroencefalografia, fundamentos. Mas ainda há muito a ser feito”, finaliza a neurologista.