• Edição 134
  • 10 de julho de 2008

Teses

Interação entre angiotensina II, losartana e doxorrubicina: possível uso na quimioterapia do câncer


Priscila Biancovilli

No dia 14 de julho, às 9 h, o estudante do curso de Ciências Biológicas João Marcos de Azevedo Delou defende sua dissertação de mestrado no prédio do Centro de Ciências da Saúde, bloco G, 1º andar, sala 22, na Ilha da Cidade Universitária. Intitulada “Interação entre angiotensina II, Iosartana e doxorrubicina: um possível uso na quimioterapia do câncer”, o trabalho teve orientação da professora Márcia Alves Marques Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF).

Câncer e hipertensão são duas doenças de alta prevalência, mortalidade e custo do tratamento. Estudos anteriores sugerem que a angiotensina II (ANG), o principal hormônio associado à hipertensão seja um importante agente mitótico e que a LOS (LOS), um antagonista do receptor de ANG (AT1), reverte esse efeito. O objetivo do estudo foi investigar possíveis relações entre a quimioterapia do câncer de mama concomitante ao uso de anti-hipertensivos em um modelo de células de câncer de mama humano, MCF-7.

Tanto a contagem em câmara de Neubauer quanto ensaio de MTT mostraram efeito proliferativo de ANG, revertido por LOS, confirmando dados da literatura. Além disso, observamos que LOS potencializou o efeito citotóxico da doxorrubicina (DOX), somente em presença de ANG. A microscopia óptica mostrou marcado efeito sobre a morfologia e número de células, confirmando esses resultados. Experimentos de acúmulo de DOX por citometria de fluxo mostraram aumento do percentual de células com alto acúmulo de DOX na presença de ANG+LOS.

Ensaios de expressão dos transportadores de efluxo da doxorrubicina não apresentaram alterações na expressão destes transportadores. Nossos resultados revelaram uma importante interação entre a medicação antitumoral e anti-hipertensiva, que ocorreu somente na presença de ANG. Os efeitos de LOS combinados a DOX sugerem um possível uso adjuvante de medicamentos anti-hipertensivos na quimioterapia do câncer. Entretanto, ainda não se sabe se essa interação ocorre em células não tumorais e, portanto, não se conhece o possível impacto indesejado da associação desses medicamentos. Assim, o uso de LOS para o tratamento da hipertensão em pacientes de câncer de mama deve ser avaliado com cautela, devido a um possível aumento de toxicidade. Os estudos pretendem continuar investigando os mecanismos moleculares desta interação medicamentosa, assim como avaliar os efeitos do uso concomitante de anti-hipertensivos durante o tratamento quimioterápico do câncer de mama em seres humanos.