• Edição 132
  • 26 de junho de 2008

Saúde em Foco

Anúncio de remédio terá regra mais rígida

Contra-indicação terá de ser destacada em propaganda

Fernanda Aranda

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária avalia que a publicidade de remédios, tal como é veiculada hoje, faz mal à saúde. A agência quer trazer as minúsculas frases escritas nas bulas para a fala dos atores que atuam nos comerciais. No próximo dia 30, será aprovada a nova regulamentação das campanhas publicitárias de comprimidos, xaropes e pomadas. Deve ser definido que, em qualquer peça, de televisão ou rádio, o garoto-propaganda será obrigado a mencionar as principais contra-indicações do produto.

Foram quatro anos de discussões entre a Anvisa, entidades de saúde, anunciantes, publicitários e a indústria farmacêutica. Após as audiências públicas já realizadas, o JT teve acesso ao texto final que a agência vai defender na última assembléia, marcada para a próxima segunda-feira.

Os técnicos sanitários elegeram 45 substâncias mais comuns, os princípios ativos, que fazem parte dos medicamentos de venda livre, que não precisam de receita médica. Para cada um dos princípios ativos, foi elaborada uma ou mais mensagens de alerta sobre efeitos adversos. A idéia é que as frases entrem no 'script' dos atores das propagandas.

Para a publicidade em jornais e revistas, as normas também são bem mais rígidas. A idéia defendida pelo governo é que as contra-indicações sejam escritas em tamanho, no máximo, 20% menor do que a maior letra que aparece nos anúncios.

A publicidade de medicamentos é regulamentada por resolução criada no ano 2000. A necessidade de atualizar as normas, afirma a Anvisa, surgiu após programas de fiscalização da publicidade. Um deles, realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e divulgado no início do ano, identificou que 49,9% das 230 peças publicitárias de remédios veiculadas em TV, rádio, jornais e revistas eram irregulares e induziam o consumidor ao uso desnecessário dos produtos.

Reações

'Avalio que a publicidade para o público em geral deveria ser inexistente', diz o presidente da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos, José Rubem Bonfim. O secretário-geral da Associação Brasileira de Medicamentos Isentos de Prescrição, Sálvio Di Girólamo, diz que as novas normas são impraticáveis e ferem a liberdade de comunicação. 'Exigir mais de 40 mensagens de advertência pode representar barreira à publicidade. Não é nem equilibrado, nem justo.'

 

O Estado de São Paulo , 26 de junho, Editoria Vida& Medicamentos

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