• Edição 132
  • 26 de junho de 2008

Argumento

UFRJ pode se tornar referência em ginástica artística

Tatiane Leal

A Universidade Federal do Rio de Janeiro é, desde o último dia 21 de junho, palco de um projeto que pretende popularizar a ginástica artística no Brasil. Trata-se do Centro de Excelência Caixa Jovem Promessa de Ginástica que tem o objetivo de promover aulas gratuitas de ginástica para crianças de cinco a nove anos. O Centro, localizado na Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), na ilha da Cidade Universitária, no Fundão vai atender 150 crianças, e em todo o país, 2.700. Além da popularização do esporte, a CBG tem como objetivo encontrar, dentre essas crianças, talentos que possivelmente integrarão a Seleção Brasileira de Ginástica.

Este é um projeto da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e tem o patrocínio da Caixa Econômica Federal. Foram abertos 14 Centros de Treinamento em todo o país que vai atender crianças de cinco a nove anos, gratuitamente.

Andréa João, professora do departamento de Ginástica da EEFD e presidente da Federação Estadual de Ginástica do Rio de Janeiro (FEGRJ) é a responsável pela coordenação do projeto no Rio de Janeiro. A professora explica a importância de um projeto como esse para o desenvolvimento de uma modalidade esportiva. “Para que um determinado esporte desenvolva potencial, a população tem que ter acesso a ele. Na ginástica, a estrutura e os equipamentos são caros e o número de profissionais capacitados é reduzido. A idéia da CBG, com esse projeto, é popularizar a ginástica no país”, explica. Nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste será trabalhada a ginástica rítmica, enquanto no Sul e no Sudeste será a artística.

A responsabilidade de escolher os locais onde seriam implantados os Centros de Treinamento ficou a cargo das Federações Estaduais de Ginástica. O local deveria ser público e atender às dimensões exigidas. Andréa João trouxe a proposta para a Universidade e, com isso, acredita ter levado o projeto muito além de seu objetivo inicial.

Um desses aspectos é a possibilidade de capacitação dos alunos de Escola de Educação Física e Desportos. “Nossa Escola de Educação Física forma tanto professores para atuar em escolas quanto treinadores de alto rendimento. Então, se temos aqui um espaço com aulas de ginástica para crianças, os alunos vão ter a oportunidade de vivenciar na prática tudo o que eles aprendem na teoria. Assim, vão ser muito melhor capacitados do que se somente aprendessem a teoria, realizassem um rápido estágio e fossem diretamente para o mercado de trabalho”. Os alunos poderão realizar estágios de observação, estágios curriculares e, até mesmo, ser contratados como monitores do projeto pela FEGRJ, a partir do 5° período. “Esse projeto já deu uma motivação para os alunos se voltarem mais para ginástica”, afirma Andréa.

Outra possibilidade é o desenvolvimento de pesquisas científicas. “Dentro da Universidade, temos grupos de pesquisa. Esses grupos vão ter a chance de acompanhar as crianças e realizar estudos científicos. Com isso, estaremos ampliando a literatura da ginástica, que ainda é muito restrita. No Brasil, não existem muitos livros e trabalhos publicados sobre a ginástica artística”, argumenta a professora. Desse modo, haverá também um intercâmbio do curso de Educação Física com outras faculdades como Fisioterapia, Medicina, Psicologia e Sociologia. Além disso, as crianças da comunidade do entorno poderão ser beneficiadas por esse projeto, o que vai de acordo com as propostas de Extensão da Universidade.

Andréa João pondera que um projeto desse porte sendo desenvolvido dentro da UFRJ abre as portas para que a Universidade se torne um dos pontos chave da Ginástica no país. “Se detectarmos talentos aqui que não tiverem para onde ir após o término do projeto, a tendência é que essas crianças continuem praticando ginástica aqui na Universidade. E nós queremos que a UFRJ seja uma referência em ginástica. A realização desse projeto tende a nos impulsionar, dando subsídios para que possamos, mais tarde, tentar parcerias até mesmo com o Governo Federal para a aquisição de novos equipamentos para a própria universidade” planeja a professora.

Foram doados pela Caixa Econômica Federal equipamentos específicos para iniciação da ginástica artística para a faixa etária atendida pelo programa, 150 uniformes, verba para a contratação de um monitor, as carteirinhas das crianças, as fichas de inscrição e os cartazes para divulgação. Todo o material está orçado em torno de R$ 70 mil. O restante será provido pela FEGRJ. O projeto tem duração, inicialmente, até dezembro desse ano. Ao fim do ano, será realizado um torneio com participação das crianças.

As aulas no Centro de Treinamento tiveram início no último dia 24 de junho e as inscrições estão abertas. As aulas serão inicialmente, as terças e quintas-feiras entre 8h30 e 10h30 e 13h30 às 14h30. Para inscrever as crianças o responsável deverá comparecer ao Ginásio de Ginástica Artística com uma cópia da certidão de nascimento. Para mais informações, o site da Federação Estadual de Ginástica do Rio de Janeiro é www.ginasticario.com.br e o telefone do Departamento de Ginástica da UFRJ é 2562-6808.