• Edição 130
  • 12 de junho de 2008

Argumento

Comissão de Biossegurança do CCS busca boas condições de trabalho


Tatiane Leal

Há 10 anos, foi criada a Comissão de Biossegurança do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ). Essa comissão tem o objetivo de atentar para a questão das boas condições de trabalho dos profissionais que lidam com riscos como os biológicos, os químicos e a radioatividade, bem como buscar soluções para os problemas de biossegurança das unidades que funcionam dentro do prédio sede do CCS. Outras unidades como a Faculdade de Odontologia e o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) possuem suas próprias comissões.

A professora Sônia Soares, presidente da Comissão de Biossegurança, afirma que há muito trabalho pela frente. “Temos feito levantamentos para conhecer a situação do CCS. Pretendemos mapear as áreas onde profissionais lidam com esses riscos, para que possamos atuar diretamente. A pesquisa é um processo dinâmico, esses levantamentos precisam estar em dia”, afirma a presidente. O objetivo da criação dessa comissão foi instruir a comunidade em relação à biossegurança e preservar a saúde das pessoas que lidam com esses riscos e também do meio ambiente.

Uma das propostas da Comissão é a criação de um curso de formação e treinamento em Biossegurança. Esse curso será dividido em módulos e atenderá alunos de graduação, técnicos administrativos e docentes. “É muito importante que um aluno de iniciação científica, de graduação e de pós-graduação tenha acesso a esse curso. Muitos alunos transitam de sandálias carregando solvente e outros materiais perigosos, por exemplo. É preciso realizar esse curso para evitar acidentes”, explica Sônia Soares, e comenta que técnicos administrativos têm manifestado o interesse de ter acesso a esse tipo de curso. Os módulos previstos são as situações de riscos químicos, riscos biológicos, radioatividade, transgênicos e organismos geneticamente modificados, incêndio, e biotérios, que são o conjunto de animais aplicados em experiências de laboratório.

Problemas e Soluções

O prédio do CCS apresenta problemas de infra-estrutura que comprometem questões de biossegurança. “Quando foi construído o prédio, a ocupação dos subsolos não estava prevista. Então temos a falta de saídas de emergência nesses locais. Além disso, os corredores do CCS têm pouca ventilação”, ressalta a presidente. Para solucionar esses problemas, existem projetos como o de instalação de basculantes nos corredores.

Outro problema recorrente é o fumo nos corredores, nos quais freqüentemente são transportados produtos inflamáveis, como o éter e o álcool. Sônia Soares afirma que é necessário um trabalho de conscientização de todos os ocupantes do prédio. “Nós vamos começar com o que pode ser feito de imediato. Parar de fumar nos corredores não demanda recursos financeiros. O que é preciso é a consciência. Vamos instruir os diretores dos centros a passar essas informações para seus respectivos professores, funcionários e alunos”, explica.

Para tornar o trabalho mais ágil, existe a proposta de dividir a comissão em subcomissões, voltadas para assuntos específicos, como resíduos químicos, radiotividade e bioética, por exemplo. Segundo a professora, a previsão é que logo seja discutida essa questão, para que possa ser rapidamente implantada. Em adição a isso, a professora destaca que uma maior integração entre as comissões e as unidades é fonte de aprendizado. “Nós sempre aprendemos muito em contato com outras unidades, como o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC)”, observa.

Uma das vitórias da Biossegurança no CCS é a realização de uma operação de descarte de resíduos químicos. Começarão a ser feitas também a coleta seletiva de lixo e a reciclagem. “O lixo merece atenção, por ser fonte de problemas. A condição de trabalho das pessoas que recolhem o lixo também deve ser observada”, afirma a professora. Além disso, o manual de biossegurança necessita de uma atualização, o que é uma proposta prevista pela comissão. “Esse manual terá uma linguagem mais acessível, para que possamos atender a um público maior”, destaca Sônia Soares, que acrescenta que será feita também uma divisão em módulos, como no curso de formação e treinamento.

A professora Sônia Soares salienta que o foco da Comissão de Biossegurança é a garantia de boas condições de trabalho para os professores, alunos e técnicos. “O objetivo do nosso trabalho é o ser humano. A biossegurança oferece às pessoas condições de ter uma atuação profissional e acadêmica com menor grau de perigo, diminuindo as possibilidades de acidentes e ensinando a forma correta para trabalhar em segurança. Muita coisa foi feita ao longo desses dez anos. A tendência é sempre melhorar e evoluir”, finaliza.