• Edição 129
  • 05 de junho de 2008

Saúde em Foco

Ministério da Saúde investe em pesquisa para doenças negligenciadas



Temporão critica falta de pesquisa para tratamento de doenças de países pobres

Agência Saúde

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou hoje (04), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais no Senado Federal, a ausência de investimentos das indústrias farmoquímicas internacionais em medicamentos e tecnologia para tratamento de doenças presentes em países pobres e em desenvolvimento, como o Brasil.

Dengue, malária, tuberculose, doença de Chagas, hanseníase e leishmaniose visceral são as chamadas doenças negligenciadas pela indústria. De acordo com o ministro, o Brasil tem condições e capacidade de incrementar o diagnóstico e o tratamento dessas doenças. No entanto, não há capacidade tecnológica quando a intenção é desenvolver medicamentos para o tratamento.

 “Há um problema fundamental em países pobres: houve pouca evolução em pesquisa e o Brasil tornou-se totalmente dependente da produção farmoquímica internacional. Essas indústrias não investiram em doenças características de países pobres”, disse o ministro. Temporão revelou que 90% dos recursos da pesquisa em saúde – cerca de US$ 2,5 bilhões por ano – são investidos em doenças que afligem apenas 10% da humanidade.

Na tentativa de reverter décadas de negligência da indústria farmoquímica internacional, o governo brasileiro, desde 2006, investe em pesquisa científica nacional. Em 2006, o Ministério da Saúde destinou R$ 21 milhões. Neste ano, serão mais R$ 17 milhões. Nesse período, foram publicadas 140 pesquisas em dengue, 175 em hanseníase, 300 em tuberculose, 775 em leishmaniose e 922 em Chagas.

O ministro também ressaltou aos senadores presentes que uma das ações previstas no Mais Saúde (PAC da Saúde), lançado em dezembro de 2007, é o desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde no Brasil. A partir desse enfoque, o governo brasileiro deixa para trás a década de atraso no desenvolvimento da indústria farmoquímica nacional, que ocorreu principalmente nas décadas de 1980 e 1990. “A fragilidade de hoje é dramática. O governo Lula olha de forma diferente, somando ciência e tecnologia à indústria e inovação. O Estado tem esse papel de indutor e de promover o aumento da capacidade de financiamento de pesquisas e tecnologia, para possibilitar a internalização da produção”, defendeu.

No mês passado, o Ministério da Saúde definiu a lista com cerca de 80 itens entre fármacos, vacinas, equipamentos e materiais, considerados estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e que são alvo das compras públicas. A iniciativa vai ao encontro do desenvolvimento e fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde no país. Na lista há destaque especial para as negligenciadas como malária, tuberculose, hanseníase, leishmaniose e doença de Chagas.

Ao longo da audiência, o ministro fez uma apresentação da situação das doenças negligenciadas no Brasil:

Tuberculose: em média, surgem 80 mil casos no país anualmente (35% do total das Américas), causando cerca de 5 mil mortes, o maior número entre os países do continente;

Malária: em 2007, foram notificados 457.659 casos de malária, enquanto que em 2005 foram 607.827 (queda de 24,7%). Entre 2006 e 2007, o estado que mais reduziu os casos de malária foi o Acre (-45,4%), seguido do Maranhão (-30,5%). Houve aumento apenas no Amazonas e no Mato Grosso, com altas percentuais de 6% e 1,5%, respectivamente;

Dengue: dados do boletim do dia 29 de abril de 2008 mostram uma queda de 10,8% dos casos da dengue, entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período de 2007. Ao todo, foram 230.829 notificações nos quatro primeiros meses deste ano contra 258.795 em 2007. Isso representa menos 27.966 pessoas doentes no período avaliado;

Hanseníase: no final de 2006, foram cerca de 44 mil casos em tratamento, 5,6% dos casos novos com deformidade e 85% curados. Em apenas dois anos (2004-2005), o registro de novos casos de hanseníase sofreu queda de 24,27%, ou seja, 10,9 mil pessoas deixaram de contrair a doença em 2005;

Leishmaniose visceral: as taxas de letalidade vêm caindo no Brasil. Em 2003, era de 8,5/100.00 e caiu para 7,7/100.00 em 2006. Para as ações de prevenção e controle da doença, o Ministério da Saúde investe cerca de R$ 16 milhões /ano com medicamentos, inseticida, diagnóstico laboratorial (kits de diagnóstico humano e canino).

Doença de Chagas: no Brasil não há mais transmissão pelo vetor. Houve, no entanto, transmissão oral, nos estados do pará, Amazonas e Amapá, a partir do açaí contaminado. 

 

Bem Paraná , 04 de junho, Editoria Saúde e Beleza

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