• Edição 123
  • 24 de abril de 2008

Cidade Universitária

UFRJ tem ônibus monitorados

Miriam Paço – AgN/CT

Os congestionamentos no trânsito são freqüentes na vida de vários brasileiros e representam um grave problema de planejamento urbano. Com base nisso, João Leal e Ricardo Freire, alunos de graduação em engenharia eletrônica e mecânica, respectivamente, orientados por Márcio Peixoto e Ronaldo Balassiano, professores do Programa de Engenharia de Transportes da UFRJ (PET-Coppe), desenvolveram um sistema que permite o controle do tráfego viário e a determinação do índice de congestionamento.

A idéia para o desenvolvimento do programa partiu da observação da coleta de informações sobre o trânsito das grandes cidades metropolitanas, principalmente São Paulo. Medir o congestionamento baseado em distâncias quilométricas torna a informação pouco precisa. O sistema desenvolvido pelo PET permite que a população saiba o local exato onde há o problema, o que torna possível traçar uma rota alternativa. Além disso, admite ainda uma redução do estresse e da ansiedade a partir da determinação do tempo de atraso subseqüente.

Recentemente implantado na UFRJ, o programa de monitoramento foi aperfeiçoado e aplicado aos ônibus internos. “A escolha da UFRJ se deu pelo fato de ela possuir os ônibus da Real Brasil, circulando diariamente pelo campus e uma acessibilidade até eles, através da Prefeitura Universitária, que intermediou as transações necessárias na implementação, além de fornecer insumos e informações”, declarou Ronaldo.

Os rastreadores possuem um chip, semelhante ao utilizado pelos aparelhos celulares: a cada 30 segundos, eles enviam referências geográficas como latitude e longitude e o horário da transmissão, para uma central de operação em Vitória, onde está sediada a empresa, e esta retransmite os dados para o servidor da Universidade, que se tornam disponíveis imediatamente no site do programa de monitoramento http://rastreamento.pet.coppe.ufrj.br.

- A partir da medida de quanto tempo um veículo, em condições normais, leva para se deslocar de um local a outro, sabemos se houve congestionamento quando esse tempo foi maior do que o esperado. Com essa informação, podemos prever quanto o ônibus vai se atrasar para sua próxima parada –, informou Ronaldo Balassiano.

Como monitorar congestionamentos

Qualquer usuário pode ter acesso aos dados dos rastreadores. Para isso, é preciso entrar na página eletrônica do monitoramento e acessar uma sessão de informações, onde são orientados sobre as terminologias usadas e como funciona o sistema. Para acessar os dados, basta escolher a linha desejada e um mapa do campus aparece com todas as linhas de ônibus distribuídas e as respectivas localizações e horários de paradas em cada ponto.

Esse programa dá à prefeitura da cidade universitária, um controle maior sobre o que ocorre no campus. “O sistema permite exigir uma dedicação maior da empresa, como por exemplo, impedir que eles lancem ônibus sem rastreadores, ou mudem a linha sem nos avisar. Ou seja, aumenta o fluxo de informações e nos permite uma fiscalização maior, inclusive sobre os atrasos. Por outro lado, elimina a etapa intermediária do fiscal humano, que é limitado. O que nós tínhamos eram duas pessoas que fiscalizavam as paradas dos ônibus, se eles funcionavam adequadamente, mas isso é muito limitado. Esse programa vai trazer uma visibilidade maior de todo o percurso”, informou Ivan do Carmo, vice-prefeito da UFRJ.

A presença dos rastreadores no ônibus que circula até o campus da praia vermelha demonstra a viabilidade do programa fora do Fundão. A segunda parte do projeto, envolve a implementação no trecho que liga Recreio e Barra da Tijuca, onde não há veículos públicos em circulação. Com financiamento da Faperj, o objetivo é possibilitar que o usuário possa solicitar o ônibus na hora em que desejar através de um serviço de tele atendimento, que inicialmente deve ser feito com 24 horas de antecedência.

Vantagens

Como os usuários são todos cadastrados, evita-se o problema do assalto e reduz-se o congestionamento, pois, um número maior de pessoas utilizará o transporte público no lugar de veículos particulares.

Essa extensão do programa é direcionada principalmente a idosos e estudantes. “É bom para os usuários que têm segurança e confiabilidade e para a cidade, que reduz o número de carros ociosos nas ruas”, informou Balassiano.

Essa tecnologia permite que os problemas relacionados a atrasos e falta de infra-estrutura de transportes sejam diminuídos. Além da vantagem relativa ao controle sobre a frota de ônibus, o sistema admite que os usuários se desloquem para os pontos apenas no horário em que o ônibus passa a fim de evitar possíveis assaltos em horários de menor movimento.

De acordo com os responsáveis pela idéia, quanto mais veículos são monitorados, maior é a confiabilidade das informações. A transmissão de dados ocorre em tempo quase real, mas apenas depois que o veículo passou é que é possível fazer uma avaliação. “Se houver um acidente na via, ele só é percebido depois que os ônibus passam por ele. Com o monitoramento de todos os veículos circulantes, o erro tende a zero”, explicou Balassiano.

Dificuldades

Entre as dificuldades enfrentadas pela equipe durante a implantação do programa, está o custo elevado da transmissão de informações. Inicialmente, o tempo para envio era de dois minutos, o que levava a uma perda de monitoramento de uma parte considerável do percurso. Com uma redução para 30 segundos, essa questão foi resolvida. No entanto, quanto menor o tempo de envio, mais caro se torna o sistema, atualmente financiado pela Geocontrol.

Outro problema enfrentado pela equipe se deu em trechos da via, onde uma mesma linha passa nos dois sentidos. Para solucionar, foi preciso um trabalho de observação e dedicação.

Ronaldo reconhece que a situação seria ideal se as informações fossem colocadas nos pontos de ônibus, independente da internet. No entanto, devido aos assaltos, isso se torna inviável.

Além das funções principais, os rastreadores permitem monitorar as velocidades dos veículos, o número de passageiros e o consumo de combustível, o que pode ser usado no futuro. “Queremos estender esse controle para os veículos de segurança e de serviços, mas isso ainda está sendo avaliado”, finalizou o vice-prefeito.