• Edição 122
  • 17 de abril de 2008

Argumento

COB lança cartilha anti-dopagem

Priscilla Prestes - AgN/CT

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) disponibilizou em seu site a cartilha Uso de medicamentos no esporte alertando os participantes das olimpíadas sobre os perigos da dopagem. Tal lista exerce importância prática para os atletas, pois é fonte de orientação para os cuidados com a ingestão de substâncias proibidas, o que seria detectado por ocasião de um exame anti-dopagem.

A Agência Mundial Anti-dopagem (AMA), responsável pelo controle de dopagem em Comitês Olímpicos e Autoridades Públicas, considera como tal a utilização de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho esportivo, sejam eles potencialmente prejudiciais a saúde do atleta, à de seus adversários ou contrário ao espírito do jogo. De acordo com o código da AMA, tem-se devida caracterização, quando duas destas três condições existem. Tal código foi aprovado tanto pelos distintos setores do Movimento Olímpico como pelas autoridades públicas dos cinco continentes e entrou em vigor no dia 1° de janeiro de 2004. Essa efetivação proporcionou uma harmonização de regras e procedimentos.

De acordo com o COB, o problema da dopagem vem do homem para o esporte e não vai do esporte para o homem. O desejo do ser humano de se superar continuamente, tentando ser mais forte e mais potente, sem respeitar limites, pode ser evidenciado em todas as etapas da história da humanidade.

Para Francisco Radler, coordenador do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (LADETEC) do Instituto de Química (IQ-UFRJ), atualmente, não há mais quem tolere a dopagem. “O atleta que se dopa é rejeitado pelo meio esportivo e pela sociedade em geral. O controle de dopagem é essencial, pois a sociedade, ao impor excelência no desempenho e atrelar isso a ganhos financeiros e ascensão social, também criou uma pressão insuportável sobre os atletas. Caso não haja controle, todos vão se dopar”, afirmou Radler.

Na lista fornecida pelo COB, entre as substâncias proibidas de 2008, destacam-se os estimulantes, os narcóticos-analgésicos, anabolizantes, diuréticos, glicocorticóides, os beta-agonistas e bloqueadores, os inibidores de aromatase e de alfa-redutase, expansores de plasma e os hormônios peptídicos como, por exemplo, a insulina e a eritropoietina.

O controle de dopagem pode ser realizado através de exames de sangue e urina. Há basicamente dois tipos de controle: um efetuado durante e o outro ao término da competição. O primeiro é realizado imediatamente após o término da prova esportiva e inclui a detecção de todas as substâncias e métodos proibidos. Os demais podem ser efetuados a qualquer momento, durante um treinamento, na residência do atleta... Têm como objetivo encontrar substâncias mais específicas, além de também ser capaz de identificar métodos ilegais. Há também, um terceiro tipo de exame, realizado antes da competição. Este é o chamado “teste de saúde”, muito utilizado nas provas de ciclismo e em alguns esportes de inverno. Seu resultado pode excluir um atleta de uma prova, mas não necessariamente é classificado como dopagem positiva.

Os controles de dopagem citados acima são realizados pelo Laboratório de Controle de Dopagem (LAB DOP), que é associado ao LADETEC. Esse é o único laboratório do gênero no Brasil e o primeiro da América Latina a ser licenciado pelo Comitê Olímpico Internacional.

Segundo as regras da AMA, a punição para os atletas cujos exames anti-dopagem deram positivo varia em função da gravidade, porém, no geral, o atleta recebe dois anos de suspensão, para primeira violação, e banimento do esporte caso o ocorrente se repita.

Radler declarou que a incidência de dopagem no Brasil é uma das menores do mundo. “Isso se deve ao maior número de controles no futebol, um esporte menos sujeito à dopagem e que recebe do Comitê Brasileiro de Futebol (CBF) um excelente sistema de prevenção por sua atuação firme.”

Segundo ele, as substâncias ilícitas mais utilizadas pelos atletas são os estimulantes, os anabolizantes e para alguns esportes a eritropoietina. Já os métodos são a transfusão de sangue e o uso de diuréticos. Os casos de dopagem ocorrem com maior incidência nos esportes que envolvem força, como o levantamento de pesos e algumas lutas. Em seguida vêm o ciclismo e a natação.