• Edição 120
  • 3 de abril de 2008

Saúde e Prevenção

Reumatismo: um possível diagnóstico para todos

Jefferson Carrasco

Designado erroneamente por muitos como uma doença, o reumatismo é considerado por especialistas um termo vago referente às dores nos músculos e articulações. Por se manifestar em todas as idades e provocar danos progressivos e complicações, é de considerável relevância a descoberta do diagnóstico a tempo de um tratamento ou acompanhamento eficiente.

- O reumatismo reúne uma série de sintomas que acometem as pessoas. Hoje em dia, nosso grande problema são alguns tipos da doença, como o tipo inflamatório, que apresentam maior morbidade -, afirma o professor Mário Newton, chefe de Seção de Reumatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga  Filho (HUCFF-UFRJ).

Os tipos mais comuns

As doenças reumáticas inflamatórias são causadas pelo ataque de agentes infecciosos, como bactérias, fungos e vírus, ao tecido fundamental para a lubrificação e alimentação das articulações. A artrite reumatóide, um dos mais freqüentes casos de inflamação aguda, caracteriza-se por um processo inflamatório sistêmico que agride a articulação e o revestimento que a envolve, chamada membrana sinovial. Acometendo de um a 4% de toda a população, essa enfermidade acarreta severa limitação de movimentos, comprometendo a qualidade de vida das pessoas de todos os grupos etários.

Entretanto, a forma mais comum de reumatismo é denominada artrose, enquadrada no tipo degenerativo de reumatismo. Caracteriza-se pelo desgaste da cartilagem articular, com perda de elasticidade e de agilidade; é vinculada ao passar do tempo. Logo, os maiores alvos desse diagnóstico são as pessoas mais idosas, cerca de 20% da população aos 40 anos e quase 100% aos 80 anos.

É necessário ainda notar a existência de fatores colaboradores para o surgimento da doença, como por exemplo, o excesso de peso. A obesidade deve ser evitada ou tratada, uma vez que o peso acima do ideal sobrecarrega as articulações, principalmente no caso do joelho e da anca, levando ao desgaste.

No entanto, lembra o professor Mário Newton: “há a possibilidade de ocorrer artrose precocemente em pessoas jovens, devido a uma alteração traumática, postural, evoluindo para uma agressão da cartilagem ou uma perda da qualidade desta, por alteração da própria fisiologia celular.”

Ele atenta ainda para a ocorrência de reumatismo além dos músculos e articulações. “Principalmente reumatismo inflamatório, no qual as doenças são provocadas por alteração das defesas do sistema imunológico, órgãos como coração, pulmão e rins podem ser acometidos”. Nesse caso, tem-se um maior processo de agressão visceral, alterando a funcionabilidade e, portanto, apresentando maiores riscos. Em alguns casos, pode ser fatal.

Prevenção e tratamento

Em termos de reumatismo degenerativo, o especialista aponta a possibilidade de atuação atenuante dos efeitos, pela higiene corporal, correção da postura e maior atenção a uma adequada alimentação. Já as doenças reumáticas inflamatórias são impossíveis de prevenir, “uma vez que sua evolução depende das características genéticas de cada pessoa, intensificadas pelos efeitos do meio”, explica o especialista.

Há, em contrapartida, ótimas perspectivas para os reumáticos ao se pensar nos tratamentos oferecidos. O que antes era combatido somente com antiinflamatórios, na atualidade, enfrenta opções mais eficazes. Segundo Mário Newton, hoje em dia, pelo menos no reumatismo do tipo inflamatório, existe métodos relacionados à diminuição do fator de agressividade, inclusive utilizando até tratamentos contra neoplasia (câncer), como quimioterapia e drogas específicas.

Por fim, o professor enfatiza a importância da continuidade do tratamento fora do ambiente hospitalar. Para tanto, atuam os grupos de apoio aos doentes, abrangendo a carência psicológica e a necessidade de orientação e informação, como o Grupo de Apoio ao Reumático no Rio de Janeiro.

- Esses grupos são de extrema importância para que os pacientes conheçam suas limitações, se reúnam e, assim, tenham força como entidade para conseguir sua valorização em relação a diagnóstico e tratamento e lutem para a criação de novos centros de tratamento. Ademais, tais instituições podem ajudar frente ao Ministério Público - conclui o reumatologista.