• Edição 119
  • 27 de março de 2008

Argumento

Falta de sono, obesidade e diabetes: uma relação perigosa

Tatiane Leal

A obesidade e o diabetes podem ser considerados dois dos principais males do século XXI. Diversas pesquisas vêm estudando as relações existentes entre essas doenças a privação do sono. O adulto médio, com freqüência, dorme menos do que o necessário para a garantia de uma boa saúde. Esse hábito, combinado com outros fatores, pode ocasionar o desenvolvimento ou o agravamento dessas enfermidades.

O endocrinologista José Egídio Paulo de Oliveira, chefe do serviço de nutrologia do Hospital Clementino Fraga Filho, explica que dormir pouco, dentre outras conseqüências, pode ser um fator determinante para a obesidade. “Em geral, a pessoa privada do sono apresenta mais ansiedade e pode assim aumentar a freqüência de alimentação utilizando produtos com maior teor energético. Um potencial obeso é o chamado comedor noturno. Com distúrbios de sono, o indivíduo pode criar o hábito de realizar lanches durante a madrugada, muitas vezes com alto teor calórico”, aponta o professor.

Do mesmo modo, a obesidade pode trazer complicações para a qualidade do sono. “Entre obesos é mais comum o dormir mal. É freqüente entre eles a apnéia do sono, ou seja, parar de respirar por um curto tempo e, logo em seguida, acordar”, afirma Egídio. É um ciclo de malefícios, uma prática acarreta influências para a outra.

O especialista explicou que a relação da privação de sono com o diabetes acontece pela intermediação da obesidade. Dormir pouco favorece a obesidade e pode levar ao diabetes. “A obesidade é o principal fator desencadeador do Diabetes Mellitus tipo 2 em pessoas que têm informação genética para o seu desenvolvimento. A obesidade aumenta as necessidades de insulina por dificultar a ação deste hormônio na sua principal função, o aproveitamento da glicose pelas células. Assim, o obeso tem que produzir e secretar mais insulina. Quando esta pessoa tem informação genética para o diabetes tipo 2, seu pâncreas, em dado momento, não consegue manter este ritmo elevado de produção de insulina e, então, aparece o diabetes”, esclarece José Egídio.

Entretanto, ele reforça: “O aparecimento de diabetes em pessoas que não têm um sono tranqüilo e reparador somente irá acontecer entre as que apresentam esta tendência genética para o desenvolvimento de diabetes. A obesidade é um fator desencadeante do diabetes, mas apenas naqueles que tem diabetes na família. Muitas pessoas desenvolvem obesidade e têm dificuldades com o sono, mas não vão desenvolver diabetes por não possuírem predisposição genética.”

Ter uma boa qualidade de sono é fundamental para manter uma boa saúde. O endocrinologista alerta que dormir pouco pode agravar a saúde de diabéticos e obesos. Mas, o aviso não se restringe somente a portadores dessas doenças, estende-se a qualquer pessoa. “Um indivíduo que dorme pouco pode perder sua saúde por falta do repouso necessário. Dormir bem faz bem a saúde;  e a quantidade de horas necessárias varia um pouco com a idade. Oito horas de sono para os adultos é uma boa recomendação”.